Diocese de Colatina lança manifesto de 3 anos de crime da Samarco
Seguindo a tradição iniciada com o crime ambiental provocado pela mineradora Samarco, neste mês de novembro, a Diocese de Colatina vem novamente lembrar a sociedade civil e as autoridades da […]
Publicado 04/11/2018
Seguindo a tradição iniciada com o crime ambiental provocado pela mineradora Samarco, neste mês de novembro, a Diocese de Colatina vem novamente lembrar a sociedade civil e as autoridades da destruição deixada como patrimônio pela mineradora à todas formas de vida que de dependiam, alguns mais alguns menos, das águas do Rio Doce.
Os rejeitos que desceram o rio Doce, destruindo sua biodiversidade, encontram-se no litoral capixaba de norte a sul, estando mais presentes entre Conceição da Barra (divisa com a Bahia) e Aracruz. Destruindo berçários de várias espécies, manguezais e os modos de vida dos povos que dependiam destes recursos.
Neste ano de 2018, completam-se 3 anos do CRIME. Apesar de tanto prejuízo, doenças e sofrimento a Fundação Renova ainda falha em cumprir o que foi estabelecido no TAC: não cadastrou ou indenizou parte significativa da população, não reconhece as mulheres atingidas, e não inclui os atingidos no processo de reparação e reconstrução de áreas afetadas – mesmo sendo esses os maiores conhecedores dos modos de vida destruídos.
Essa inoperância da Renova reforça a percepção que vem desde o rompimento da barragem: a primazia do lucro sobre a responsabilidade social ou ambiental das grandes empresas de mineração. A negligência na segurança da barragem e a demora em fazer um acordo que ouça a voz dos atingidos pelos rejeitos, parecem se enquadrar na mesma equação que permitiu a Samarco bater recordes de produção e lucro num contexto de queda no preço do minério de ferro. Hoje sabemos que o risco envolvido nessa superexploração é distribuído entre o conjunto da sociedade atingida, embora o grosso do lucro siga restrito a um seleto grupo de acionistas – dentre os quais os verdadeiros donos da Samarco a VALE e a BHP.
Este manifesto também denuncia a indústria da indenização, causada pela falta de informação da população sobre seus direitos, inclusive da justiça gratuita, sendo extorquidos por grupos de advogados que buscam ludibriar o povo e arrancar as porcentagens das indenizações que são nosso direito.
A isso é somado o despreparo do nosso judiciário em resolver conflitos, a demora dos processos e a criminalização das organizações da sociedade civil e da Igreja que historicamente lutam pelo direito da população atingida, mas que foram vetadas de participar dos processos de reparação junto aos atingidos com o último acordo (TACGov) homologado na 12ª vara de MG.