Neoenergia descumpre acordo e não comparece à reunião de negociação
Empresa responsável pela hidrelétrica de Baixo Iguaçu demonstra descaso com atingidos e autoridades do estado do Paraná Na última quarta-feira (23), em reunião realizada em Curitiba (PR) com representantes de […]
Publicado 30/11/2016
Empresa responsável pela hidrelétrica de Baixo Iguaçu demonstra descaso com atingidos e autoridades do estado do Paraná
Na última quarta-feira (23), em reunião realizada em Curitiba (PR) com representantes de diversas instituições, foram encaminhadas propostas para retomada da negociação entre os atingidos e o consórcio responsável pela Usina Hidrelétrica (UHE) Baixo Iguaçu. Dentre os encaminhamentos estava a retirada do acampamento dos atingidos localizado em frente ao acesso do canteiro de obras da usina e reunião de negociação envolvendo todas as partes para esta terça-feira (29).
No entanto, para revolta dos atingidos, a Neoenergia, que detém 70% do empreendimento da UHE Baixo Iguaçu não compareceu à reunião, demonstrando mais uma vez sua falta de respeito e compromisso com os acordos pré-estabelecidos. Na reunião desta terça (29), estavam presentes novamente integrantes de várias instituições, como o Arcebispo Metropolitano Dom José Peruzzo, parlamentares, Casa Civil, Ministério Público, Defensoria Pública, Copel, Conselho Nacional de Direitos Humanos, Instituto Ambiental e outros.
E uma vergonha o que ocorreu hoje. A Neoenergia enganou todo mundo. Estão enrolando os atingidos há quase quatro anos e nos últimos meses enrolam descaradamente também os representantes do Estado, do Ministério Público, Defensoria, Igreja, parlamentares. Os atingidos cumpriram sua parte, retiraram o acampamento que durou quase 40 dias, e a empresa deu um golpe em todos os envolvidos, explica um integrante da coordenação do MAB, que preferiu não ser identificado.
Como desdobramento da reunião desta terça-feira (29) ficou acordada uma reunião para esta quarta-feira (30), na qual a coordenação dos atingidos detalhará a pauta de reivindicações ao Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Copel, JonelIurk. Já na próxima semana, haverá reunião com o governador do Paraná, Beto Richa, e Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (Neoenergia e Copel), para definir um cronograma mínimo de compromissos para atendimento da pauta dos atingidos. O próprio governador já fez declarações públicas de que o melhor para as famílias é o reassentamento.
Para outro membro da coordenação do MAB, que também solicitou para não ser identificado, a situação dos atingidos requer uma resposta rápida do poder público. Os atingidos cumpriram sua parte, agora está na mão do governador do estado fazer com que a empresa cumpra o que está no Plano Básico Ambiental, nas licenças e acordado em várias reuniões. De agora em diante, a responsabilidade é toda do governo e da empresa, afirma.
Na pauta apresentada pelos atingidos constam, dentre outros pontos, a necessidade de aquisição imediata de áreas para reassentamento, reajuste no caderno de preços, condições para acompanhamento técnico das famílias e área de preservação permanente de 100 metros.
Baixo Iguaçu
A UHE Baixo Iguaçu começou a ser construída pela Odebrecht há aproximadamente três anos e meio e, quando concluída, terá uma capacidade de gerar até 350 MW de energia elétrica. O Consórcio Energético Baixo Iguaçu, dono do empreendimento, é formado pela Companhia Paranaense de Energia Copel (30%) e, majoritariamente, pela Neoenergia, que é constituída pelo Fundo de Previdência do Banco do Brasil, Banco do Brasil e Iberdrola.
Esta última é uma multinacional espanhola que figura entre as cinco maiores companhias elétricas do mundo, com presença em 40 países. No Brasil, a empresa domina a distribuição de eletricidade a 11,5 milhões de pessoas, por meio da Coelba (Bahia), Cosern (Rio Grande do Norte), Celpe (Pernambuco) e Elektro (São Paulo).
No total, Baixo Iguaçu atingirá 1025 famílias, distribuídas entre os municípios paranaenses de Capanema, Capitão Leônidas Marques, Planalto, Nova Prata do Iguaçu e Realiza.