Cerca de 300 atingidos participaram de uma barqueata no Rio Tocantins, reivindicando visibilidade na defesa da Amazônia, dos rios e da vida das mulheres
Publicado 25/03/2025 - Atualizado 25/03/2025

No último sábado (22), em homenagem ao Dia da Água e em defesa da Amazônia e da vida das mulheres, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) organizou o 2º Banzeiro das Atingidas do Baixo Tocantins, em Cametá (PA). O evento começou na Vila de Carapajó, onde uma mística simbolizou a resistência das comunidades ribeirinhas contra o projeto da Hidrovia Araguaia-Tocantins.

O evento contou com uma Barqueata e teve a participação de atingidos e atingidas da região, além do apoio de organizações, coletivos e movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT-PA), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGRI) e o Coletivo midiativista e artivista amazônida Pororoka.
Bena Rodrigues, da Comunidade Praticaiá, destacou a força do evento: “O banzeiro foi lindo, com todas essas mulheres. Não aceitamos a hidrovia; ninguém vai desrespeitar nosso rio, que nos sustenta. Estamos unidas e lutamos pelo reflorestamento das terras, pela água, pelo peixe e pelas frutas. Nossa luta é grande, mas a vitória será ainda maior.”

O encontro também foi marcado por momentos de memória e resistência, com homenagens a companheiras que partiram na luta pelos direitos dos povos da Amazônia , como Dilma Ferreira, Nicinha e Flávia. Seus nomes foram lembrados com respeito e emoção, reafirmando que suas lutas continuam vivas em cada mulher e em cada atingido e atingida que resiste. “O banzeiro fortaleceu o protagonismo das mulheres atingidas na busca por direitos, pela proteção das águas e pela preservação da vida e também foi um palco para cobrar justiça por nossos companheiros que partiram”, afirmou Sueyla Malcher, da Coordenação Estadual do MAB.
Sueyla também enfatizou a importância de eventos como o Banzeiro das Atingidas para mobilizar e dar visibilidade às vozes das mulheres e das comunidades tradicionais da Amazônia, especialmente com a aproximação da COP30 em Belém. “O 2º Banzeiro das Atingidas foi um momento crucial para unirmos nossas vozes em defesa da Amazônia, da vida dos atingidos e de nossos rios. Precisamos nos mobilizar e lutar por nossos direitos, pela preservação da vida e da sociobiodiversidade. Na COP30 vai ter luta!”.


Os atingidos e atingidas do Baixo Tocantins permanecem firmes na resistência. Até a COP30, o MAB seguirá mobilizando, organizando debates e fortalecendo a luta pela preservação dos rios, da floresta e da vida dos atingidos. Enquanto houver luta, a memória das que partiram continuará viva, e a força das mulheres seguirá movendo as águas e a história do Baixo Tocantins.
“As mulheres do Baixo Tocantins e seus companheiros foram protagonistas na organização do Banzeiro das Atingidas e na mobilização das comunidades e ilhas da região. Nossas companheiras de Baião, Mocajuba, Abaetetuba, Barcarena e Belém estiveram conosco nas águas do Rio Tocantins, demonstrando que as mulheres estão na linha de frente da luta em defesa do rio, da Amazônia e da vida”, afirmou Sueyla.
