Com novas cozinhas solidárias MAB passará a entregar 5 mil marmitas diárias no Rio Grande do Sul

Movimento dos Atingidos por Barragens intensifica campanha de doações para apoiar atingidos dos municípios gaúchos atingidos de forma mais severa pelas enchentes


Com o apoio de voluntários de diferentes partes do país que estão chegando em Porto Alegre (RS) para integrar equipes de brigadas, MAB irá coordenar novas cozinhas solidárias em municípios gaúchos e produzir cinco mil refeições todos os dias para atender atingidos pelas enchentes que têm devastado o Rio Grande do Sul há mais de duas semanas.

Desde o dia 30 de abril, o Movimento tem estruturado ações de solidariedade para os atingidos do estado, como distribuição de cestas de alimentos, água potável e marmitas a partir das Cozinhas Solidárias montadas em diferentes municípios. Nos próximos dias, integrantes do MAB de estados como Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais vão se somar às ações na região metropolitana de Porto Alegre (RS) e em municípios do Vale do Taquari (região mais impactada do estado) por conta da persistência da situação de calamidade no território.

Segundo o Movimento, a decisão de reforçar essa equipe se dá em razão do aumento do número de desalojados e desabrigados em situação de insegurança alimentar. Ao todo, já são duas milhões de pessoas atingidas pelo que tem sido considerado um dos piores desastres climáticos do país. Em muitos locais, por conta das condições de devastação, as cozinhas solidárias são a única fonte de alimentos dos moradores. Segundo Alexania Rossato, integrante da coordenação do Movimento no Rio Grande do Sul, o maior desafio no momento é o deslocamento das equipes de apoio até os territórios mais severamente afetados. Mesmo com as dificuldades, as equipes estão se estruturando em parceria com outras organizações sociais, como Movimento dos Sem Teto (MTST), Periferia Feminista, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Marcha Mundial das Mulheres (MMM), além do apoio da Cáritas RS, Ação da Cidadania e Sindicato dos Petroleiros. As cozinhas foram montadas em diversas localidades, como Porto Alegre, Canoas, Arroio do Meio, Estrela e Lajeado. Em breve, novas cozinhas em fase de estruturação serão anunciadas.

Impactos das enchentes

Especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) preveem que o rio Guaíba ainda se manterá acima de 4 metros até 21 de maio. Em virtude desse cenário, os coordenadores do MAB pedem apoio de toda a população para que que as doações não cessem e possibilitem ao Movimento seguir fortalecendo as ações emergenciais. “A solidariedade precisa continuar. Já somos 60 militantes mobilizados atuando integralmente no apoio às famílias atingidas, mesmo nos territórios menos acessíveis, mas dependemos inteiramente das doações da população para seguir fazendo esse trabalho tão essencial”, alerta Alexania.


As recentes chuvas, que já acumulam, em poucos dias, quase 300 mm em determinadas regiões do estado, resultaram em repiques de cheias, agravando ainda mais a situação das áreas já inundadas. O Rio Taquari, por exemplo, atingiu seu terceiro maior nível na história, deixando um rastro de destruição e desespero entre os moradores. Dados divulgados pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, há 5 dias, indicam 445 municípios afetados, mais de 71 mil pessoas em abrigos, quase 340 mil desalojados, 74 mil ações de salvamento de pessoas, 136 óbitos, 736 feridos, 125 desaparecidos e mais de 2 milhões de pessoas atingidas.

Em seus registros, o MAB tem identificado que a falta de infraestrutura e de apoio, às vezes, insuficiente e inadequada tem agravado o sofrimento das vítimas, que enfrentam dificuldades para acesso à água potável, alimentos e abrigo, ou seja, o básico para sobrevivência. 

“O rio ainda está muito alto, mas já estamos atuando no Vale do Taquari, onde os próprios atingidos se organizaram e estão montando as marmitas. Nosso foco principal agora é salvar vidas, levar água e comida também para as populações de Canoas e da região do Baixo Jacuí, que estão muito necessitadas. Tem gente espalhada por todos os lados aguardando ajuda. É absurdo o que estamos vivendo”, desabafa Alexania Rossato. O risco de rompimentos de barragens também é um agravante em diversas regiões do estado.

Maria Aparecida Luge, uma das integrantes do MAB que está à frente da Cozinha Solidária de Porto Alegre, conta que tem muita gente disposta a ajudar, mas a situação em algumas regiões do estado segue desesperadora. “A logística está muito difícil. Tem bairros da capital que não têm luz, não tem energia elétrica, não tem água, não tem ponte de acesso. No interior, tem cidades em que não sobrou uma casa.”

Ajude o MAB a ajudar o povo gaúcho, que sofre com as enchentes

Campanhas de doação têm sido fundamentais para garantir recursos e suprimentos necessários para manter o funcionamento das cozinhas solidárias e oferecer suporte às comunidades atingidas. Para contribuir com as ações do MAB e oferecer auxílio às vítimas das enchentes, as doações podem ser realizadas por meio do PIX ou diretamente para a conta bancária da Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB), conforme os dados disponibilizados:

Banco do Brasil – Agência: 1230-0 – Conta Corrente: 1188806-2 – PIX: 73316457/0001-83.

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