Para MAB, rompimento na Hidrelétrica 14 de julho mostra que, diante dos eventos extremos, nenhuma barragem é segura 

A barragem 14 de Julho, situada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves (RS), rompeu parcialmente na tarde da quinta-feira (02) após fortes chuvas que atingem o estado desde 24 de abril

Barragem 14 de julho, localizada no Rio das Antas (RS). Foto: Reprodução redes sociais


A barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, localizada na bacia do Rio Taquari-Antas, em Cotiporã (RS) se rompeu parcialmente na quinta-feira (02). Segundo as informações da Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), o rompimento ocorreu por conta do aumento da vazão do rio das Antas e dos acumulados de chuva nos últimos dias. A potência instalada é de 100 MW.

As chuvas intensas já deixaram, pelo menos, 37 mortos no estado desde o último dia 24. Outras 60 pessoas estão desaparecidas. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) considera “muito altas” as chances de, nas próximas 48 horas, ocorrerem novas inundações e alagamentos em áreas rebaixadas em diversas partes do estado. Com essas condições climáticas, o nível dos rios Taquari, Caí, Sinos, Gravataí, Baixo Jacuí, Maquiné e Três Forquilhas deve continuar subindo, o que pode configurar um dos piores desastres climáticos do país. 

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nesse momento, as barragens de Dona Francisca, Castro Alves e Monte Claro estão em estado de atenção e as barragens Bugres e 14 de julho (que rompeu parcialmente, mas pode ainda ter um colapso total). Ou seja, a estrutura de ambas pode estar com algum grau de comprometimento. Ao todo, 19 barragens estão sendo monitoradas em estado de atenção.

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Em todo o Brasil existem mais de 26 mil barragens, segundo o Relatório Nacional de Segurança de Barragens, para diferentes usos, como geração de energia hidrelétrica, contenção de rejeitos, armazenamento de água e etc. “A maior parte dessas barragens são estruturas construídas há pelo menos 30 anos, ou seja, não estão adaptadas para eventos extremos, como chuvas e enchentes. Ao mesmo tempo, há 4 mil barragens com alto dano potencial associado que podem afetar mais de 1 milhão de pessoas”, explica Luiz Dalla Costa, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Nesse momento, equipes do Movimento estão mobilizadas no Rio Grande do Sul para conseguir oferecer apoio emergencial para comunidades atingidas pelas chuvas intensas e risco representados pelas barragens, mas Luiz afirma que a situação traz um alerta importante. “O rompimento no Rio Grande do Sul mostra que as barragens no Brasil não estão preparadas ou adaptadas para os eventos climáticos extremos, seja no estado, seja em todo o país e podem contribuir para agravar esses eventos e a situação dos atingidos. Por isso, é urgente implementar a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas, lei 14.755 sancionada recentemente, para garantirmos segurança para os atingidos, com ampla participação popular, adaptando as cidades brasileiras à atual crise climática”, destaca Luiz.

Como ajudar?

Saiba como ajudar as comunidades atingidas do Rio Grande do Sul que, neste momento, estão desalojadas ou desabrigadas e precisam de apoio emergencial.

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