Arpilleras ganham destaque em Exposição “Mensagens das Águas” na Alemanha

Mostra vai até o dia 31 de outubro no MARRK Museum am Rothenbaum, em Hamburgo, que recebe 180 mil visitantes por ano

Desde fevereiro deste ano, está em cartaz, em Hamburgo, na Alemanha, a exposição “Mensagens das Águas”, que conta com quatro arpilleras (telas bordadas) do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB. A proposta da mostra é trazer à tona as relações das comunidades tradicionais de diferentes países do mundo com questões relacionadas à água: acesso à água, mudanças climáticas, insegurança hídrica, proteção das águas e disputas pela água.

As arpilleras consistem em uma técnica têxtil que surgiu na Isla Negra, no litoral do Chile, com mulheres que criavam imagens a partir de retalhos bordados em telas de tecido para denunciar as atrocidades cometidas pela ditadura de Pinochet. Hoje, as mulheres do MAB utilizam a mesma técnica para dar visibilidade às lutas e reivindicações do Movimento, denunciando os crimes cometidos por grandes empreendimentos em seus territórios.

O texto curatorial da mostra ressalta os efeitos desiguais das mudanças climáticas e outros problemas relacionados ao acesso à água para as populações de países do hemisfério sul. “Do derretimento das geleiras e aumento do nível do mar a tempestades, secas e poluição, a água afeta a todos nós. Mas enquanto as consequências da crise climática também estão se tornando cada vez mais visíveis na Alemanha, os efeitos mais drásticos estão distribuídos de forma desigual ao longo da divisão do poder colonial”.

Arpillera “Watu Morreu”, que integra a Mostra, fala sobre a destruição do Rio Doce, chamado Watu pelos indígenas da etnia Krenak. Foto: Marcelo Aguiar

Nesse contexto, os trabalhos das mulheres atingidas do MAB expostos na Mostra ressaltam problemas como a contaminação das águas por conta do rompimento de barragens, o risco de novos empreendimentos que vão barrar rios importantes no país e os impactos da privatização da água.

A mostra acontece no MARRK Museum am Rothenbaum, um dos maiores museus de etnologia da Europa, que recebe cerca de 180.000 visitantes por ano.

A coordenadora do MAB, Daiane Hohn, afirma que essa visibilidade que o Movimento tem conquistado é fruto da articulação internacional com aliados do Movimiento de Afectados por Represas na América Latina (MAR) e também do trabalho valioso das atingidas.

“Ter arpilleras numa exposição na Alemanha, em um espaço com o porte do Museo MARKK, é fruto da legitimidade do trabalho realizado há tantos anos pelas mulheres atingidas organizadas no MAB. A exposição dialoga com temas como a privatização, o acesso à agua, o impacto dos rompimentos criminosos de barragens na vida dos povos e também reforça o papel que as mulheres assumem na resistência às violações”.

“Reafirmamos nessa exposição que mulheres, água e energia não são mercadorias”, ressalta Daiane. Saiba mais no site do Markk

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