Dois meses sem Débora!

Assassinada por seu marido, Débora Moraes é lembrada por sua incansável luta junto a atingidos por barragem de Porto Alegre

Militantes do MAB e parlamentares na Câmara de Vereadores do Porto Alegre, que aprovou uma Moção de Repúdio pelo assassinato de Débora

Neste sábado, 12 de novembro, lembramos os dois meses do assassinato de Débora Moraes, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Porto Alegre (RS). Débora era uma mulher jovem, mãe, alegre e aguerrida, que se colocava na linha de frente da luta por justiça e pelo reassentamento das famílias atingidas pela barragem da Lomba do Sabão. Ela foi assassinada pelo seu marido, em casa. O caso está sendo tratado pela justiça como feminicídio e o assassino segue preso desde o dia 12 de setembro.

A morte de Débora evidencia uma situação cada vez mais grave no Brasil. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2022), nos últimos dois anos, mais de 2.695 mulheres foram mortas pela condição de serem mulheres (1.354 em 2020 e 1.341 em 2021), sendo que 68,7% delas tinham entre 18 a 44 anos. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado, no Rio Grande do Sul, de janeiro a setembro de 2022, foram 81 casos de feminicídio. O autor, em 81,7% dos casos, foi o companheiro, ou ex-companheiro da vítima. E as residências continuam sendo, desde sempre, o cenário onde essas mulheres são assassinadas. 65,6% do total de crimes cometidos foi realizado na casa das vítimas.

Débora Moraes era moradora da Vila dos Herdeiros, na região da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre e deixou um legado de luta e resistência.

Para marcar os dois meses sem Débora, nesta semana, a Câmara de Vereadores do Porto Alegre aprovou uma Moção de Repúdio pelo seu assassinato. A Moção foi encaminhada pelo vereador Leonel Radde (PT), e agora segue para sanção do prefeito municipal, Sebastião Melo. Em sua fala, o vereador, agora eleito deputado estadual, mencionou que precisamos lutar contra o feminicídio com políticas efetivas de combate a esta chaga. Segundo Radde, “não podemos mais tolerar o índice de feminicídio que nosso Brasil se encontra”. Para ele, a aprovação da moção é a perpetuação da memória de Débora Moraes.

Na solenidade, os vereadores Pedro Ruas (PSOL) e Aldacir Oliboni (PT) também fizeram uso da tribuna para manifestar solidariedade à família e ao MAB e pedir o fim da violência contra a mulher a partir de iniciativas do poder público. Outros vereadores e vereadoras também se manifestaram.

Nestes dois meses sem Débora, o MAB recebeu centenas de mensagens de apoio de figuras públicas, movimentos populares, organizações de direitos humanos e de amigos internacionais. Toda essa solidariedade ajuda a militância do Movimento e a família a superar a falta da companheira e nos move na busca por justiça e por políticas públicas que assegurem a vida das mulheres.

Débora Moraes. Presente! Presente! Presente!

O patriarcado mata.

Justiça por Debora! Mulheres atingidas na luta em defesa da vida!

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