Encontro reuniu diversos parlamentares e lideranças sociais de diversos municípios do Alto Uruguai Gaúcho que assumiram um compromisso pela construção de uma frente ampla democrática regional
Publicado 14/10/2022 - Atualizado 14/10/2022
Na noite da quinta-feira (13), o município de Erechim (RS) sediou um Ato Pluripartidário em Defesa da Democracia reunindo dezenas de representantes de sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos, cooperativas e instituições públicas de ensino com o objetivo de afirmar o compromisso do Alto Uruguai Gaúcho em torno de uma frente ampla democrática no país.
A articulação é promovida como resposta às frequentes ameaças autoritárias ao estado democrático de direito que o país vive às vésperas do segundo turno das eleições. Durante o ato, o professor Thiago Ingrassia, docente da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, afirmou que o desafio de todos que se colocam em defesa da democracia e da dignidade humana é participar ativamente da vida política do país e dos espaços e processos de decisão, em períodos eleitorais e, também, na vida cotidiana. O professor ainda denunciou as práticas antidemocráticas fortalecidas pelo governo Bolsonaro, como a polarização da sociedade, as fake news, os ataques à mídia e à liberdade de imprensa, o encorajamento às tentativas de golpe, o discurso antissistema, o orçamento secreto e a compra de votos dentre tantas outras estratégias.
“A reeleição de Bolsonaro significa um imenso retrocesso para o país, com legitimação da barbárie. É necessário recuperar junto ao povo a memória afetiva dos governos populares, apresentando as propostas para a reconstrução do país, com fortalecimento da democracia”, afirma Ingrassia.
Tatiane Paulino, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, defendeu a retomada do símbolo nacional da bandeira do Brasil na luta por um país soberano e à serviço do povo. “Precisamos ganhar as ruas, conversar com as pessoas e apresentar as propostas de Lula para a reconstrução do Brasil”. Segundo a dirigente, o que está em jogo nas eleições é a defesa da democracia, enquanto a garantia de condições de vida melhores para a classe trabalhadora, em oposição às ameaças autoritárias de ditadura, de avanço da violência, violação de direitos.
“Este ato é a concretização de uma necessidade urgente que está posta, de fortalecimento das frentes democráticas diante da violência, do autoritarismo e do retrocesso que nos ameaça. É preciso somar forças nas agendas regionais neste período de campanha eleitoral dos próximos 15 dias, pois não há alternativa a não ser eleger Lula”, disse Paulino. Nesse contexto, foi encaminhado um trabalho de articulação coletiva pactuado pelos integrantes da frente ampla, a fim de garantir que a democracia prevaleça no Brasil e no Rio Grande do Sul.
Lideranças políticas firmaram compromisso pela democracia
Todos os representantes dos partidos políticos presentes reforçaram o compromisso de votar pela democracia, através da candidatura de Luís Inácio “Lula” da Silva (PT) a nível nacional e sinalizaram também apoio à candidatura de Eduardo Leite (PSDB) ao governo do estado do RS, como uma via democrática possível na atual conjuntura.
Leandro Puton, do PDT, destacou a importância do combate à fome, através da construção de consciência política e alianças regionais. Para Celio Fiabani, do PT, “a união que estamos firmando hoje só é possível porque vivemos em um país democrático, e é em defesa disto que nos colocamos em luta lado a lado. O resultado das urnas definirá o futuro destas e das próximas gerações, e cada um/a de nós tem uma tarefa grandiosa neste momento histórico. Nem um voto a Onix e Bolsonaro!”.
Dimas Tortelli, representou o PSDB e reforçou a importância da construção da frente ampla democrática na região e em todo o estado, assim como a participação do partido nesta articulação, reafirmando o nome de Eduardo Leite enquanto defensor e representante da democracia no estado, sendo um aliado na luta contra o autoritarismo. Carla Talgatti, do PSB, denunciou a onda bolsonarista que descaracteriza o processo democrático, colocando em jogo os direitos conquistados ao longo das décadas que vêm sendo retirados do povo nos últimos anos. “Estamos juntos e juntas nas trincheiras, nos colocando à disposição para lutar pelo fortalecimento da esquerda no Rio Grande do Sul”.
Em nome do Partido Cidadania, Luis Antonio Zamboni reafirmou a luta contra o autoritarismo representado por Bolsonaro a nível de Brasil e Onix Lorenzoni no estado. Já para Sandra Picoli, do PCdoB, dentre as grandes tarefas que estão colocadas no momento atual, estão a necessidade de reverter os votos de Bolsonaro para Lula e convencer quem está desacreditado a ir votar. “Eleger Lula é votar pela continuidade da democracia no Brasil, na contramão do que representa Bolsonaro e Onix. Precisamos ganhar as redes e as ruas divulgando as propostas de Lula. Não é só derrotar o Bolsonaro, é derrotar o bolsonarismo”, reforçou.
O professor Demian Boaroli, docente do IFRS em Erechim, representando as instituições públicas de ensino, apontou para a tarefa de enfrentar o movimento de despolitização que vem se enraizando na sociedade, principalmente junto à juventude, de forma a promover a educação, a formação política para a compreensão da realidade e munir o povo de ferramentas para analisar a realidade e participar de forma ativa e consciente dos processos decisivos para os rumos do país.
“Política não é palavrão, ela faz parte da vida, está presente sempre que tomamos posição, que tomamos decisão. É preciso recuperar a identidade de classe do povo trabalhador”, finalizou o professor.
Representando o sindicalismo, Adilson Luiz Szymanski, do SindiSaúde disse: “Nós, sindicalistas, estamos vendo de perto as consequências dos desmontes promovidos pelo governo Bolsonaro, com crescimento dos índices de desemprego, precarização do trabalho, redução drástica de investimentos, com destaque para a saúde e a educação. O que nos une hoje é a luta para derrotar um mal comum. Estamos fazendo história e voltando a erguer a bandeira da democracia, dos direitos sociais.”
Gervásio Plucinski, da Unicafes, se manifestou em nome do cooperativismo, o qual tem como principio a democracia. “No Rio Grande do Sul, vemos este princípio ser deturpado em diversos espaços, com a dificuldade de diálogo entre as partes. Estamos unidos na construção do cooperativismo solidário, que vem sendo destruído pelo governo Bolsonaro. Não ter posição neste momento é algo grave. Nos colocamos lado a lado na construção desta frente democrática para elegermos Lula presidente e fortalecer a democracia e o cooperativismo gaúcho.”
A atividade contou com a presença de cerca de 80 representantes de diversos municípios da região do Alto Uruguai, dentre representantes do MAB, Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul – CPERS, Sindicato Unificado dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Alto Uruguai (SUTRAF-AU), Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Erechim e Região (SindiSaúde), Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde, Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (FETRAF-RS), União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES), Associação dos Trabalhadores Aposentados, Pensionistas e Idosos do Alto Uruguai do RS (ATAPERS), Associação dos Conselheiros Tutelares do Rio Grande do Sul, Centro de Tecnologias Alternativas Populares – CETAP, PT, PCdoB, PDT, PSB, MDB, PSDB, Cidadania, PSOL, agricultores, professores das instituições de ensino públicas de Erechim (UFFS, UERGS, IFRS) e diverentes membros da sociedade civil.