Atingidos por Belo Monte protestam contra falta de água nos reassentamentos

Moradores dos reassentamentos Laranjeiras, São Joaquim e Jatobá estão sem água em Altamira (PA)

Moradores de três reassentamentos urbanos protestaram na sede da Norte Energia, concessionária da hidrelétrica de Belo Monte, e também na prefeitura de Altamira (PA) devido à falta de água. Segundo os manifestantes, o abastecimento nunca foi satisfatório, porém piorou muito nas últimas duas semanas.

A ampliação do abastecimento de água e a construção dos reassentamentos são condicionantes da hidrelétrica de Belo Monte e ainda estão parcialmente sob responsabilidade da Norte Energia. A empresa e a prefeitura de Altamira estão há anos em tratativas para que essas estruturas sejam passadas completamente para a administração municipal.

Leia também: Altamira ainda sofre com falta de água 6 anos após licença de operação de Belo Monte

A falta de água é reconhecidamente um problema estrutural na cidade, uma vez que o planejamento da Norte Energia foi feito levando em consideração a zona urbana de Altamira no ano de 2019, muito antes do crescimento provocado pela própria hidrelétrica. Nas últimas semanas, há queixas também de moradores de outros bairros da cidade, como Colinas, Mutirão, Liberdade e até mesmo do centro da cidade.

“Não podemos mais viver nessa situação, fomos tirados da beira do rio para sofrer com falta de água. Em algumas casas, já faz 15 dias que não tem água, já tem companheiras tendo que levar crianças e pessoas idosas até o igarapé Panelas para tomar banho”, afirma Francinete Novaes, coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no reassentamento Laranjeiras.

Bomba queimada

Durante o protesto, uma comissão foi recebida pela prefeitura. A representante da Coordenadora de Saneamento de Altamira (Cosalt), Priscila Couto, explicou que o problema foi a queima da bomba de captação de água no rio Xingu. Com isso, a água está sendo captada do antigo poço da Cosanpa, que supre apenas metade da demanda da cidade.

Ela ainda explicou que o problema pode levar até três meses para ser solucionado, mas se comprometeu a fazer vistorias nos reassentamentos para ver de que forma a situação pode ser contornada emergencialmente. A Norte Energia está obrigada judicialmente a complementar o abastecimento dos reassentamentos com carros-pipa, mas mesmo assim os episódios de falta de água são constantes.

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