Seminário reúne atingidos pela Vale e outros grandes empreendimentos em São Luís (MA)
Atingidos e representantes de diferentes organizações sociais discutiram sobre violação de direitos cometidas por empresas como a Vale, Eneva, Alumar, Votorantim e outros empreendimentos que atuam no Maranhão
Publicado 06/12/2021 - Atualizado 06/12/2021
No último dia 04, lideranças de 12 bairros e comunidades rurais da capital maranhense estiveram presentes no Seminário dos Atingidos (as) pela Vale, que foi realizado na sede do Instituto IEMA, no bairro Vila Embratel.
O evento contou com a participação de mais de 50 pessoas e teve como tema “os impactos socioambientais da Vale e de outros empreendimentos na vida dos moradores de Itaqui-Bacanga, (área da cidade de São Luís) e da zona rural do município.
Em debate sobre o modelo de mineração brasileiro, os atingidos discutiram sobre as constantes violações de direitos humanos que sofrem a partir da atividade econômica das empresas Vale, Eneva, Alumar, Votorantim e outros empreendimentos que atuam no estado. Na programação, também foram relembrados os rompimentos de barragens de responsabilidade da Vale, em Mariana (MG) e Brumadinho (MG), maiores crimes socioambientais do Brasil.
“A vale tira os nossos recursos com a promessa de empregos e só deixa destruição. Nós, assim como os moradores de Mariana e Brumadinho, precisamos estar juntos para lutar e dar visibilidade, até internacionalmente, para as nossas comunidades ribeirinhas, extrativistas, pescadoras, que só têm aquilo que é herdado dos pais e avós, que é o território, a terra e a natureza”, destacou a participante Maria Máxima em sua fala. A moradora pertence à comunidade Rio dos Cachorros, que é atingida pela indústria de pelotização (processo de compressão de minério) da Vale e ameaçada pelo projeto do polo siderúrgico, além de outros empreendimentos situados na área industrial próxima à comunidade.
“Essas empresas não estão só transportando minério e alumínio, mas estão atuando ideologicamente, contaminando as mentalidades dos jovens, para que estes mantenham uma posição calma diante dessas ações degradantes”, destacou Andrey, professor de uma escola rural de São Luís e militante do Sindieducação.
Ione Oliveira, moradora do bairro Argola e Tambor, também denuncia a articulação feita pela Vale para abafar as denúncias sobre sua atuação predatória. “A Vale fez o trabalho de relacionamento com a comunidade, que podemos ler como “alienação”. Através da cooptação, silencia a comunidade em troca de migalhas”, afirmou a participante, que é militante da Marcha Mundial de Mulheres.
O encontro foi construído pelo MAB, a Marcha Mundial de Mulheres, a Rádio Bacanga, a Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia (Pocae), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Associação do Rio dos Cachorros e lideranças locais. Também estiveram presentes no Seminário outras 11 organizações, como o REOCUPA, o SindEducação, a Rede de Mulheres das Águas, Mares e Manguezais Amazônicos e o Coletivo de Vereadores Nós (PT), entre outras.