Atingidos por Belo Monte e trabalhadores da Norte Energia protestam por direitos
Entre as reivindicações estão questões trabalhistas, demandas de indenização e o reassentamento de famílias atingidas pela inundação da área da lagoa do bairro Jardim Independente I em Altamira (PA).
Publicado 06/08/2021 - Atualizado 06/08/2021
Uma manifestação em frente à sede da Norte Energia, concessionária da hidrelétrica de Belo Monte, reuniu ex-trabalhadores, ribeirinhos e atingidos da área urbana de Altamira (PA) nesta sexta-feira (6). Os manifestantes, organizados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), protocolaram uma pauta exigindo que representantes da Norte Energia se reúnam com cada um desses grupos para encaminhar pendências que ainda existem para a garantia dos direitos dos atingidos.
Os trabalhadores, subcontratados por uma empresa chamada Urb Topo Engenharia e Construções, reclamam que não receberam o valor devido pelo trabalho que realizaram na época da construção da hidrelétrica. Eles já contam com uma liminar da Justiça do Trabalho a seu favor expedida em 2020, mas até o momento a empresa não efetuou o pagamento. “Estamos há seis anos nessa luta e já temos uma decisão favorável da Justiça, que reconhece o direito de 303 trabalhadores”, afirmou Walmar Mariano, liderança dos trabalhadores.
Já os ribeirinhos, organizados pelo coletivo “Fazendo uma Nova História”, exigem indenização da empresa pelo deslocamento forçado a que foram submetidos com o enchimento do reservatório da hidrelétrica. Eles alegam que não conseguiram recompor seu modo de vida após a construção da barragem. O grupo reúne cerca de 30 famílias.
Os atingidos da parte urbana são famílias remanescentes da área alagadiça (Lagoa) do bairro Jardim Independente I em Altamira (PA). Eles exigem que a Norte Energia garanta o direito de todos ao reassentamento. Após muita luta, 595 famílias foram reconhecidas como atingidas, no entanto, ainda restam 364 famílias que não receberam nenhum tipo de amparo. “Faz seis anos que minha casa está alagando e as paredes já estão rachando, sem contar que estou isolada, sem meus vizinhos”, afirmou Ana Cristina, uma das moradoras.
Os manifestantes denunciam a presença ostensiva da Força Nacional que, mesmo antes do protesto iniciar, já estava com duas viaturas estacionadas em frente ao escritório da empresa. Os integrantes da Força Nacional tentaram constranger os atingidos a permanecerem do outro lado da rua. “Explicamos que íamos permanecer ali pacificamente até que alguém aparecesse para receber a pauta”, explica Francinete Novaes, da coordenação do MAB no Xingu. Após a entrega da pauta de reivindicações, os atingidos deixaram o local. “Aguardamos retorno para nosso pedido de reunião e, se não tivermos resposta, vamos voltar”, completa Francinete.