Com chuvas acima da média no sudoeste do estado e mudança no leito do rio pela barragem da PCH Bedin, 14 propriedades sofreram prejuízos
Publicado 08/02/2021 - Atualizado 08/02/2021
Com as chuvas acima da média neste início de ano, muitos prejuízos foram causados pelo barramento da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Bedin, em Renascença, no sudoeste do Paraná.
No sudoeste do estado, segundo o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), a previsão de chuvas para o mês de janeiro era entre 130 a 230 milímetros, porém, o volume real chegou a 440mm na região.
Agora, que o rio não corre mais em seu leito normal, as águas avançaram sobre propriedades de famílias agricultoras em Renascença, Marmeleiro e Francisco Beltrão. No total, foram 14 propriedades atingidas pelo alagamento.
“Eu conheço esse rio há mais de 40 anos e sei que ele foi afetado e modificado por conta da usina. Nós começamos a ter prejuízos”, afirma um agricultor que preferiu ser identificado.
Os principais estragos relatados pelos agricultores foram em áreas de plantio de soja e pasto. “As famílias estão preocupadas, porque [o barramento] atingiu o fluxo d’agua do rio, tornando as propriedades áreas de risco, com perdas recorrentes principalmente da produção agrícola.”, relata Maristela Costa, da coordenação do MAB.
A PCH Bedin está localizada no Rio Santana e tem capacidade produtiva de 6MW de potência. A obra, que durou nove meses, foi inaugurada em novembro do ano passado, com a presença do governador do Estado, Carlos Massa Ratinho Jr., e do presidente Jair Bolsonaro, e é só um dos exemplos da política de negligência de ambos os governantes.
O descaso com as populações atingidas em nome do desenvolvimento a qualquer custo é a forma de atuação do Governo de Ratinho Jr.
No fim do ano passado, os deputados paranaenses aprovaram o Projeto de Lei n°633/2020 de autoria do governo do estado, que autoriza a construção de sete novas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Central de Geração Hidrelétrica (CGH), inclusive em territórios tradicionais.
Não há um debate qualificado com as famílias e uma política que garanta os direitos fundamentais dos atingidos, enquanto o governo paranaense segue construindo empreendimentos cujos impactos social e ambiental são ignorados, assim como a população atingida.