“Plantando vidas, colhendo esperança”: um ano de campanha de distribuição de mudas

O MAB comemora o resultado de um ano da campanha “Plantando Vidas” e afirma a continuidade das ações em defesa da Amazônia no próximo período

A luta pela vida é o que nos fez chegar até aqui. Lutamos para sobreviver e proteger as pessoas que amamos. A pandemia do coronavírus ameaça de morte a cada um e, portanto, é justo nos defendermos nesse quesito. No entanto, os desmatamentos e as queimadas que ocorrem na Amazônia, alastrando, crescendo e se multiplicando, tal como uma “pandemia da devastação”, coloca em risco a vida em sua expressão mais geral.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o mês de agosto de 2020 atingiu 39.253 focos de incêndio na Amazônia Legal, o maior número dos últimos 15 anos e 269% maior que o mês de julho.

A elevação das queimadas é resultado direto do desmatamento que, de acordo com o sistema Deter, atingiu 9.205 km² entre agosto de 2019 e julho de 2020, alcançando a área de 1.654 km² apenas neste último mês.

Foi visando combater a destruição da Amazônia e, ao mesmo tempo, contribuir na recuperação das áreas devastas, que no ano passado o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) lançou a campanha Plantando Vidas.

Foto: Comunicação MAB

Ao constatar que o capital atuava de forma articulada para destruir o meio ambiente amazônico, por meio de ações coordenadas entre grileiros, madeireiros, fazendeiros e empresários do garimpo, organizando inclusive o chamado “Dia do fogo”, tomamos a decisão de responder à altura, realizando o máximo de ações em defesa da Amazônia e suas populações.

“A campanha Plantando Vidas mostra uma alternativa, a partir dos agricultores, dos indígenas, dos ribeirinhos, de uma recuperação das áreas degradadas pelo atual modelo de desenvolvimento imposto para a Amazônia”, afirma Juarez Oliveira, atingido por barragem da região Tocantins-Araguaia, no estado do Pará.

O modelo citado pelo atingido é a expressão da estratégia do capital na Amazônia, voltada para a apropriação privada de suas gigantescas bases naturais – terras, água, minérios, petróleo e biodiversidade – e na obtenção de lucros extraordinários com a sua exploração. 

A campanha nasceu, portanto, do desejo de implementar práticas concretas de preservação e recuperação da floresta amazônica, mas também de sensibilizar a sociedade para esse tema de extrema importância e denunciar as ações em curso, principalmente por parte do governo federal, no sentido das flexibilizações na legislação ambiental e desmonte dos sistemas de proteção e fiscalização na Amazônia.

Com a “Plantando Vidas”, ao todo, distribuímos e plantamos mais de 40 mil mudas em diversas regiões dos estados amazônicos, levamos vida e esperança para áreas desmatadas, próximo de garimpos, comunidades tradicionais e centros urbanos, trabalhadores do campo e das cidades.

No médio e longo prazo, alguns dos benefícios proporcionados pelas ações de plantio são:

  • recuperação de áreas degradadas pela pecuária;
  • melhoria do ciclo da chuva em regiões de baixa precipitação;
  • melhor qualidade do ar e diminuição do calor, principalmente nos centros urbanos;
  • possibilidade de alimento e geração de renda em comunidades rurais.

Nessa empreitada, somam-se ao MAB inúmeros parceiros comprometidos com a luta em defesa da Amazônia: movimentos organizados na Via Campesina e Plataforma Operário e Camponesa da Água e Energia, entidades religiosas, organizações da luta por direitos humanos, associações de povos indígenas, artistas, pesquisadores, lutadores e lutadoras populares de todo o Brasil.  

Foto: Comunicação MAB

Enquanto o capitalismo queima, derruba a floresta para colocar gado, soja e dendê, acaba com rios e ecossistemas, rouba nossas riquezas, explora e violenta, nós plantamos vidas.

Cultivamos, cuidamos e trabalhamos para florescer: espécies regionais, frutíferas, oleaginosas e medicinais, árvores sombreiras para nos abrigar na tempestade. Defendemos a soberania, os direitos dos atingidos, a cultura e o território dos povos originários e tradicionais, praticamos a solidariedade, a justiça e o amor ao povo.

A Campanha “Plantando Vidas” continua com suas atividades e segue firme em seu propósito, rendendo frutos, crescendo e se multiplicando.

Convocamos a todos e todas a se somarem nesta luta. No dia 5 de setembro celebramos o Dia da Amazônia e, no dia 21, o Dia da Árvore, vamos distribuir e plantar mudas durante esse período, em todos os cantos do Brasil, mobilizar, divulgar e compartilhar as ações.

Semeando em terra boa, fazemos da luta em defesa da Amazônia a luta em defesa da vida, certamente, colheremos com alegria a esperança multiplicada.

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