Poema por Idalino de Vargem Grande do Rio Pardo/Minas Gerais
Publicado 24/07/2020 - Atualizado 17/09/2024
Até hoje inda me lembro como si fosse agora,
aqui tudo era sertão,
mas tudo era muito bom,
tem algumas coisas na minha memória.
Aqui tinha muitas lagoas,
mais não tinha nenhuma represa,
as águas corriam livremente,
em meio a natureza.
Animais corriam nas vargens,
que às vezes ficavam atolados,
porque tinha muita água
os brejos era encharcado
Precisava muitas valas
pra que fosse cultivado,
a gente plantava pouco,
mais tinha bons resultados.
A gente andava pelos campos
porque tudo era incomum,
tinha cagaiteira, jatobá, rufão, articum,
tinha coquinho, araçar, gabiroba, muricir
e de janeiro a meses de março
a tão sonhada coleta do pequi.
Até aí tudo bem, mas depois dos anos 70,
apareceu empresários e fazendeiros
comprando os direitos de posses,
por micharia de dinheiro,
tomando todo cerrado,
mandando tirar o gado,
daí pra cá foi desespero.
Veio uma tal de Rural Minas, fazendo umas mediações,
tomando toda fronteira, um tal de trator de esteira
arrastando um correntão,
não ficou nem sequer um pau em pé,
jogaram tudo no chão.
Mas a justiça de Deus não vai falhar
Se o homem não se arrepender,
um dia vai ter que pagar,
Se não preservar a natureza e as águas vier a secar
o nosso planeta sem água, criatura nem uma vai suportar.
Mas ainda há tempo para pensar
e preservar o meio ambiente.
Não poluir os rios nem cortar as árvores
Em beira de nascente,
porque espírito de Deus pousava sobre as águas
quando ainda não tinha gente.
Meus amigos do assentamento
sei que de tudo isso vocês estão conscientes.
Vamos agora de mãos dadas
lutar por uma terra que estava abandonada,
plantando nela a semente,
pedindo as bençãos de Deus,
para que a terra volte a dar os seus frutos novamente.
Obrigado.