Atingidos conquistam efetivação de plano de ação em saúde em Barra Longa (MG)

O MAB comemora a conquista e a decisão da justiça que obriga as empresas a garantir condições de atendimento digno à saúde

Quase cinco anos após o rompimento da barragem de Fundão e seus impactos na saúde das pessoas, os atingidos conquistaram na justiça os direitos para que as criminosas Vale, Samarco e BHP Billiton paguem pela ampliação da estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) de Barra Longa. Outros municípios da bacia do rio Doce também elaboraram Planos de Ação em Saúde e aguardam o custeio para a implantação.

Assim como as outras comunidades atingidas, a população de Barra Longa sofre com as injustiças, mas segue firme na luta pelos seus direitos. Com a demora das reparações e das indenizações a situação da saúde agravou, obrigando as pessoas a tirar o sustento na pesca, agricultura e criação de animais, mesmo com a incerteza da contaminação que até hoje se espalha por lugares do rio. Agora, em plena pandemia, quando as atenções se voltam para a grave situação do país, a Fundação Renova cortou o auxílio emergencial do povo, aumentando a falta de renda e o sofrimento das pessoas.

A luta pela saúde começou com os atingidos organizados no MAB, através do Coletivo de Saúde de Barra Longa, amparados em diversos estudos comprovando a contaminação do rio Doce, das terras, águas, poeira domiciliar, e todo ecossistema da região.

A população adoeceu como nunca antes nos registros da cidade, sobrecarregando as estruturas do município e deixando pessoas sem possibilidade de atendimento, já que a contaminação por metais pesados demanda especialistas e exames cuja oferta é fora do alcance do município.

Com a conquista da Assessoria Técnica Independente, foi construído um Plano de Ação em Saúde pelos atingidos e pela Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (AEDAS), que se tornou modelo para os demais municípios atingidos na bacia do rio Doce. O plano exige contratação de profissionais de saúde física e mental, estrutura para funcionamento e custeio de exames e medicamentos necessários. O plano foi aprovado no Comitê Interfederativo (CIF), mas a Fundação Renova, criada pelas empresas para ações de reparação, vinha impondo empecilhos à implantação negando o custeio.

Para José Geraldo, da coordenação estadual e do coletivo de saúde do MAB, “a conquista vem em boa hora e é fruto da luta dos atingidos contra a intensa atuação das empresas para impedir que os atingidos tenham acesso a informações seguras sobre a sua saúde, os riscos futuros e também contra a atuação do Judiciário, que vem atrasando a conquista do direito à Assessoria Técnica. Agora esperamos que esse direito seja estendido para todas as cidades da bacia do rio Doce, e que todos os Planos de Ação em Saúde sejam aprovados da mesma forma nos demais municípios” afirmou.

O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB comemora a conquista e segue na luta com os atingidos, pois o crime continua e quase cinco anos após os direitos ainda não foram conquistados.

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