Mais de 400 famílias foram atingidas pelas enchentes do último fim de semana. Inundações na região se tornaram frequentes, após aterramento de piscinão
Publicado 08/06/2020 - Atualizado 08/06/2020
Na noite do último sábado (6), mais uma vez, as famílias da zona leste de São Paulo tiveram suas casas invadidas por águas das enchentes, perdendo colchões, móveis e eletrodomésticos. Nesse dia, em torno de 400 famílias perderam seus pertences, situação já recorrente para os moradores da Vila Seabra, Jardim Pantanal, Jardim Helena, Vila Itaim e Aimoré.
Moradores da região comentam como mesmo em épocas de estiagem como a atual, qualquer chuva mais forte acaba alagando ruas e casas. “Qualquer chuva que dá, novamente alaga, as famílias perdem tudo: colchões, alimentos, cobertores, móveis. É como se apagassem a história da pessoa e ela tivesse que recomeçar do zero novamente”, comenta Tamires Almeida Cruz de Paula. E acrescenta: “E tem a questão psicológica, qualquer chuva que dá, o povo começa a entrar em desespero”.
“Qualquer chuva que dá, novamente alaga, as famílias perdem tudo: colchões, alimentos, cobertores, móveis. É como se apagassem a história da pessoa e ela tivesse que recomeçar do zero novamente”.
Tamires Almeida Cruz de Paula, moradora da região.
Nesse momento, além de conviver com as dificuldades que a pandemia da Covid-19 gera às famílias, somam-se os impactos constantes provocados pelas enchentes, que continuam atingindo seus pertences e suas vidas.
Após o aterro do antigo piscinão para a construção do parque da várzea do Tietê pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) do governo estadual, os bairros ficaram localizados abaixo da área do antigo escoamento do rio. Na ausência dessa área de escoamento, em épocas de muitas chuvas, as famílias sofrem com as enchentes devido ao assoreamento do aterro e, principalmente, quando as comportas da barragem da Penha são fechadas para não atingir a marginal Tietê, alagando os bairros da zona leste que ficam acima da barragem. Dessa vez, mesmo sem fechar as comportas, os bairros sofreram com as enchentes, que em poucos minutos viram suas casas alagadas.
Essa é a prova da falta de planejamento urbano e garantia de direitos por parte da prefeitura paulistana e do governo estadual às famílias da região, que há muito tempo denunciam a situação e reclamam pela reparação dos seus bens e direitos. Segundo Clarice Ferreira, moradora da Vila Seabra, “em março e abril as pessoas perderam tudo”. “É revoltante, e psicologicamente, crianças e idosos ficam mais atingidas. Isso vivenciamos em qualquer chuva, qualquer chuva de 20 minutos traz dano para as famílias”.
A mesma moradora acrescenta que após o aterro do parque e sem a limpeza dos córregos e do rio Tietê, a água alaga ruas e casas, demorando para escoar. “Deixamos claro à prefeitura que as casas iam alagar. E agora é muito o sofrimento, devido à quantidade de água, e a falta de limpeza dos córregos e do rio Tietê, as águas demoram mais para sair de dentro das casas”, conclui.
Nesse sentido, as famílias atingidas da zona leste de SP, junto ao MAB, vem denunciar a situação precária pelas quais as famílias são obrigadas a conviver, agravada pela atual conjuntura de pandemia. Exigimos da prefeitura um posicionamento, assim como a reparação das famílias atingidas, tanto de seus pertences como de ações que visem o fim das enchentes no local.
Campanha de solidariedade às famílias atingidas pelas enchentes
Diante dessa situação, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem pedir sua solidariedade! Você pode doar:
☑️ Colchões e cobertores
☑️ Alimentos
☑️ Produtos de higiene e limpeza
Você pode levar as doações para o seguinte local: Rua Araruta, n.28 – Vila Seabra, Zona Leste da cidade de São Paulo. Ou entrar em contatos com: Tamires (11) 98795-4679; Clarice (11) 98484-1585
Agradecemos sua ajuda!
Águas para a vida e não para a morte!
A solidariedade constrói direitos!