Um batalhão de voluntários contratados pela Vale, como psicólogos e assistentes sociais, apressou-se a tentar aliviar a situação da criminosa, com ações antiéticas e claramente em defesa da empresa que causou a tragédia-crime com atendimentos aos atingidos
Publicado 23/04/2020 - Atualizado 04/06/2020
O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB vem acompanhando a situação das populações vítimas do rompimento criminoso da Barragem I do complexo Mina do Córrego do Feijão, que pertence a mineradora Vale, desde o fatídico dia 25 de janeiro de 2019. No início, um batalhão de voluntários contratados pela Vale, como psicólogos e assistentes sociais, apressou-se a tentar aliviar a situação da criminosa, com ações antiéticas e claramente em defesa da empresa que causou a tragédia-crime com atendimentos aos atingidos.
O MAB denunciou e acompanhou desde então, as reclamações sobre as condutas suspeitas de profissionais da Saúde Mental em Brumadinho contratados pela criminosa no atendimento psicológico às vítimas. As queixas continuam, agora com um número menor de profissionais, mas com as mesmas atitudes pró empresa.
Algumas destas denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público Federal – MPF, que encaminhou a investigação dos fatos. Para colher as denúncias corretamente e dar consistência à ação, encaminhamos o ofício do MPF, porque a conduta indevida destas pessoas deve ser investigada e as providências legais tomadas.
Contamos com a colaboração de todos que se sentiram lesados pelo atendimento insatisfatório, principalmente na negativa destas pessoas em fornecer laudos e relatórios que associem o sofrimento psicológico com o rompimento da barragem, evitando assim que os atingidos e atingidas possam pleitear parte da sua justa e necessária indenização.
A Vale assinou um acordo de cooperação com a prefeitura, além da condenação judicial para realizar medidas de mitigação para melhorar a situação da saúde mental coletiva na bacia do Paraopeba, para repasses que já totalizam R$ 32 milhões destinados, exclusivamente, à ampliação da assistência de saúde e psicossocial no município. Para a grande imprensa e os investidores, a mineradora mostra que tem cumprido com seu dever de reparação quanto a saúde dos atingidos.
Na realidade, a empresa tem coagido trabalhadores da saúde para que os mesmos não disponibilizem laudos condizentes ao adoecimento mental advindo do crime. Cumpre ressaltar que nos seus acordos extrajudiciais, a Vale somente aceita realizar indenização por danos morais aos atingidos que comprovam danos psicológicos, que devem ser comprovados justamente por esses laudos.
O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB ressalta que todos os trabalhadores, moradores e população que foi atingida tenha o tratamento necessário e a reparação integral efetivada no que tange aos danos causados pelo rompimento da barragem. A Vale não fornece a reparação adequada, e além disso usa do seu dever enquanto executora das medidas de reparação para seus próprios interesses.
O MAB reforça que a Vale não deveria executar as medidas de mitigação e reparação integral, pois desde o crime do Rio Doce a Vale se utiliza dessa posição para controlar ainda mais os territórios e populações atingidas, negando e incorrendo em novas violações de Direitos Humanos. Segue os links dos ofícios do Ministério Público Federal e link para denúncias, que pode ser de forma anônima.
As respostas às requisições do MPF devem ser encaminhadas em formato eletrônico, nos termos da Portaria PGR/MPF n.º 1.213/2018, pelo do site: www.mpf.mp.br/protocolo com a indicação do número deste ofício – Ofício PRMG/PRDC/HMS n.º 2199/2020 e Notícia de Fato n.º 1.22.000.000914/2020-18 .
Clique no link e acesse os ofícios do Ministério Público Federal: https://drive.google.com/open?id=1W9etnZeJYzz5KPQXXVCSajuRSix8_XK5