Rompimento de barragem em Novo Cruzeiro/MG coloca em risco soberania alimentar

O rompimento da barragem na comunidade da Saudade, município de Novo Cruzeiro, Vale do Jequitinhonha/MG, vem causando desde o dia 30 grandes preocupações para as famílias  agricultoras. A comunidade possui […]

O rompimento da barragem na comunidade da Saudade, município de Novo Cruzeiro, Vale do Jequitinhonha/MG, vem causando desde o dia 30 grandes preocupações para as famílias  agricultoras.

A comunidade possui suas relações de trabalho voltadas para a agricultura familiar. As famílias comercializam hortaliças nas feiras locais e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).  Parte das famílias também faz parte da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Novo Cruzeiro (Coopernovo). 

Segundo o Ricardo Pereira de Oliveira, associado da Coopernovo, as famílias tinham uma renda de 5mil reais no ano de 2019. Nesse ano a comunidade atingida terá uma grande queda por causa das consequências do rompimento da barragem e da pandemia do Coronavírus.  

A barragem do “japonês”, como era conhecida, ficava mais ou menos a 150 metros acima da comunidade. O velocidade da água no rompimento levou cacimbas, canos, mangueiras, motores, e até o poço artesiano que ficou destruído. Além das plantações, todos os equipamentos usados para o trabalho nas terras foram destruídos. 

A mata ciliar da beira do córrego da Saudade também foi atingida e, de acordo com Ricardo, “isso traz um grande dano socioambiental, já que sem elas o córrego tende a poluir e a secar”. Para ele, a recuperação ambiental deve ser urgente, já que o córrego é a garantia da água na comunidade, assim como permanência das famílias no local.  

A situação sanitária também é grave, pois muitos animais foram mortos e estão em decomposição. Segundo José Almeida, os urubus já estão sobrevoando a comunidade e o mau cheiro pode aumentar ainda mais se as devidas providências não forem tomas.

A cooperativa da comunidade estava se preparando para fazer a entrega de alimentos durante a pandemia, e também organizava projetos de produção coletiva voltados para tomate e batata caipira. Com o rompimento os projetos foram interrompidos.

De acordo com José Almeida um “encarregado” do proprietário da fazenda e responsável pela barragem está distribuindo cestas básicas para algumas famílias, mas não sabe dizer onde o proprietário se encontra.  

Para o MAB esse rompimento de barragem coloca em risco da soberania alimentar da comunidade e de todo município de Novo Cruzeiro e região. O Movimento está organizado com as famílias atingidas e exige que seus direitos sejam reparados e que o responsável pelos danos arque com com os danos do povo.