Atingidos resistem junto a petroleiros em greve no Rio de Janeiro

Uma coisa está clara nessa greve dos petroleiros: a luta deles é a luta de todos nós. Amplos setores e categorias da classe trabalhadora estão participando ativamente das lutas em […]

Uma coisa está clara nessa greve dos petroleiros: a luta deles é a luta de todos nós. Amplos setores e categorias da classe trabalhadora estão participando ativamente das lutas em todo o país em defesa da Petrobrás e da Soberania Nacional, numa jornada de luta que completa hoje (04.02) cinco dias. 


Fotos: Coletivo de Comunicação do MAB. 

 

Desde sexta feira (31) movimentos populares e sindicatos acampam junto à Federação Única dos Petroleiros (FUP) frente ao EDISE, edifício sede da estatal no Rio de Janeiro. Cinco dirigentes da Federação ocupam bravamente o quarto andar do prédio, numa mesa permanente de negociações que até agora só recebeu negativas e maus tratos da diretoria da empresa. 

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) está presente no acampamento. Silas Evangelista, agricultor de Cachoeiras de Macacu (RJ) e militante do Movimento, afirmou que esta luta “é contra a privatização da Petrobrás, mas também de todas as estatais, porque sabemos o quanto isso tem duros impactos na vida das trabalhadores e trabalhadoras do Brasil”. 

 

Silas, agricultor e militante do MAB, afirma que a privatização traz duros impactos na vida dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

 

E apontou uma outra grande preocupação: “Nós, que somos agricultores, da zona rural, sabemos que o fechamento da Fafen (Fábrica de fertilizantes que será desativada no Paraná) vai interferir diretamente na vida do produtor rural. Se a fábrica de Ureia que temos no Brasil deixa de produzir vamos a passar a comprar fora. Em tempos em que se torna cada vez mais rigoroso o processo de produção, em tempos em que o governo está cobrando de nós mais rigorosidade na produção, aumentar o preço dos combustíveis e aumentar o preço da Ureia é muito complicado para os trabalhadores rurais”. 

O fechamento da fábrica e a demissão de mil trabalhadores é uma das principais reivindicações dos petroleiros. Paulo Neves, diretor da FUP, afirmou que o acampamento se mantém firme  “em apoio irrestrito aos cinco bravos dirigentes da FUP que estão no quarto andar desse prédio em plantão permanente, aguardando que a empresa reabra o diálogo e cumpra com nosso acordo coletivo, que restringe a demissão em massa. Eles precisam negociar com o sindicato, e assim a gente poder evitar a demissão dos mil trabalhadores da Fafen Paraná”.

Mas a pauta de reivindicações da greve não abrange só questões corporativas, Neves afirma: “Essa greve nacional dos petroleiros é acima de tudo uma greve pela soberania e contra a desindustrialização do país. O petróleo é um recurso importante e deve estar à serviço do povo brasileiro. Queremos uma política justa de preço de derivados: um gás de cozinha que a dona de casa possa pagar, um combustível que o trabalhador possa pagar”.

Conversamos com militantes de outras organizações e movimentos populares e sindicais que compõem o acampamento, e que explicam porque estão se somando nesta luta. 

 

Sheila Nobre e Cida Mattos, da CMP. 

Cida Mattos, da Central dos Movimentos Populares (CMP) destaca a importância da unidade neste momento difícil do país: “Estamos aqui para acompanhar a greve dos companheiros petroleiros, e das companheiras, acreditando na unificação das lutas de todos os movimentos e categorias. É fundamental que a luta seja unificada para transformar o nosso país. A Petrobrás é uma estatal brasileira que é nossa, e não tem que ser entregue a nenhum capitalismo estrangeiro, tem que permanecer nas mãos do povo brasileiro”.

O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) está presente com jovens militantes de várias regiões do Brasil. Kátia Silva, militante do Movimento,  explica que a greve “é de grande importância porque a possibilidade de privatização da Petrobrás afeta tanto o campo quanto a cidade, afeta a população de forma geral”, ela afirma “é pela Soberania Nacional, e quando a gente fala de Petrobrás a gente fala de Soberania Nacional. Privatizar a Petrobrás é atentar contra ela”. 

 

Juventude do MPA na Vigília em defesa da Petrobrás.

Maíra, do Levante Popular da Juventude, disse que o movimento está junto aos petroleiros porque essa é uma luta “fundamental para o povo brasileiro”. O que está em jogo, afirma “são nossas riquezas e nosso futuro. A Petrobrás historicamente teve um papel fundamental nesse sentido, e é uma tarefa da juventude defendê-la”. 

Eletricitários de várias regiões do Brasil estão em luta na capital carioca. Leandro Serpa, do Sindicato dos Eletricitários (Sinergia) em Santa Catarina é um deles: “Estamos aqui em defesa da Petrobrás e do setor elétrico brasileiro, que também é vítima desse conluio para a privatização entre o Paulo Guedes e todo esse governo golpista. Estamos e estaremos na luta em todas as frentes para defender a nossa soberania”.  

Idison, do MUCA, presente na Vigília contra o desmonte das empresas estatais.  

Idison, do Movimento Unido dos Camelôs (MUCA) afirma que estão lutando contra “o desmonte que o Governo Federal vem fazendo no nosso país”.  E descreve o contexto:  “ao mesmo tempo em que desmonta com suas reformas retrógradas, colocando às pessoas para a informalidade, persegue os camelôs que tanto batalham pela sobrevivência por causa dos desmandos do próprio governo. Somos a segunda maior força de trabalho desse pais, somos 38 milhões e não podemos aceitar a criminalização. Estamos aqui de braços dados com os petroleiros do nosso Brasil, porque queremos um país e um futuro melhor para toda a classe trabalhadora”.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio de Janeiro também está lutando na Vigília junto aos petroleiros.


Arlane Lima, Urbanitário do Maranhão, afirma que a Petrobrás “é uma empresa que ajuda o país a crescer cada dia, e representa muito da nossa estrutura nacional, que está sendo desmanchada”, e agrega: “o povo brasileiro começa a se manifestar contra esse processo, e jamais vamos a abdicar do direito de tê-la como uma empresa nacional”. 

A professora Valdete Moreira, chegou ao Rio de Janeiro desde o Rio Grande do Sul. Pertence ao Sindicato CPERS, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), e afirma: “entendemos que a luta é de todos. A privatização de um setor interfere em todos os outros setores. Por isso não podemos ter uma luta corporativista só dos petroleiros ou só da educação. Precisamos unificar e internacionalizar a luta, e entender que defender a Petrobrás é defender o Brasil. Água, Mulheres, Educação e Energia não são mercadorias”.