Amazônia Centro do Mundo: encontro reúne povos em defesa da vida no Xingu
Um grande encontro organizado por movimentos sociais da Amazônia vai reunir indígenas, ribeirinhos, ativistas pelo clima e cientistas para firmar um compromisso em defesa da vida no planeta. O evento, […]
Publicado 15/11/2019
Um grande encontro organizado por movimentos sociais da Amazônia vai reunir indígenas, ribeirinhos, ativistas pelo clima e cientistas para firmar um compromisso em defesa da vida no planeta. O evento, batizado de Amazônia Centro do Mundo acontece entre os dias 17 e 19/11 em Altamira, no Pará.
A cidade já abrigou encontros históricos, como o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu de 1989, um marco na luta de resistência contra a construção de hidrelétricas na Amazônia. A região é atingida pela hidrelétrica de Belo Monte, que deslocou mais de 40 mil pessoas e transformou Altamira em uma das cidades mais violentas do país. Recentemente, veio à tona notícia sobre erros estruturais na barragem que podem trazer ainda mais ameaças aos atingidos.
A região também está na fronteira de novos (e antigos) ataques à floresta e aos povos. A canadense Belo Sun pretende instalar a maior mina de extração de ouro a céu aberto do país na região da Volta Grande, já impactada pela hidrelétrica de Belo Monte, que desvia as águas do Xingu para suas turbinas, secando um trecho de 100 km do rio.
Além disso, entre janeiro e setembro de 2019, mais de 31 mil hectares foram desmatados dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação na bacia do rio Xingu, segundo dados da Rede Xingu +. Mais de 37 milhões de árvores foram derrubadas.
A atividade terá rodas de conversas, apresentações culturais e uma feira de produtos locais e artesanais. Entre os presentes estarão o cacique Raoni Metuktire, a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha e o cientista Antonio Nobre. Confira a programação.
Amazônia Centro do Mundo
Quando: 17 a 19 de novembro de 2019
Onde: Universidade Federal do Pará (UFPA) Campus de Altamira (Campus 1), Altamira (PA)
Dia 1 (17/11)
17h: Performance de abertura: Involuntários da Pátria, pela atriz transexual Fernanda Silva. Dirigido por Sonia Sobral, o texto baseado na aula-manifesto do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro denuncia a ofensiva final contra os indígenas por aqueles que se acham donos do Brasil. Os indígenas e depois os negros são os primeiros involuntários da pátria, que foram convertidos em pobres para servirem ao sistema capitalista.
17h30: Show com artistas do Xingu e outras regiões da Amazônia, intercalado com falas de convidados nacionais e internacionais
Dia 2 (18/11)
8h: Mesa de Abertura com representantes dos movimentos sociais da Amazônia, intelectuais da floresta, das universidades e de institutos de pesquisa do Brasil, ativistas nacionais e internacionais
9h30: grupos temáticos para a criação do Manifesto do Centro do Mundo
Temas:
Falsas soluções que ameaçam a floresta
Envolvimento para a Amazônia do Futuro
Resistência das mulheres na Amazônia
Juventudes e novos movimentos globais
Povos da floresta e das águas
Educação para enfrentar o desenvolvimento predatório
13h: Rios Livres compartilhamento e discussão dos resultados dos grupos temáticos
15h30: Chuva de ideias para Ação no Centro do Mundo
16h30: Preparação dos materiais para a Ação
Dia 3 (19/11)
8h: Concentração e finalização dos preparativos para a Ação
10h: Ação no Centro do Mundo, com todos os participantes do evento
14h: Concentração e deslocamento para o local do Memorial das Árvores
15h: Plantio de árvores pela Vida e Memória no Centro do Mundo (homenagem)
17h: Slam, com apresentação de artistas do Xingu e leitura do Manifesto do Centro do Mundo
19h (encerramento): Altamira 2042. Concebida por Gabriela Carneiro da Cunha, a peça teatral é o testemunho do rio Xingu sobre a barragem de Belo Monte
Organizações: Associação dos Moradores da Reserva Extrativista do Rio Iriri, Associação dos Moradores da Reserva Extrativista do Riozinho do Anfrísio, Coletivo de Mulheres Negras Maria Maria, Coletivo de Mulheres do Xingu, Coletivo de Poetas Marginais, Comissão Justiça e Paz, Conselho Ribeirinho, Conexão África Brasil, Fórum em Defesa de Altamira, Fórum Oriental da Amazônia, Fundação Tocaia, Fundação Viver Produzir e Preservar, Instituto Socioambiental, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento de Mulheres do Campo e Cidade, Movimento Negro de Altamira, Movimento Xingu Vivo, Oficina Território Livre, Pastoral da Criança, Pastoral da Juventude, REPAM Brasil, Sintepp Regional, Sintepp Subsede, Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, Universidade Federal do Pará Campus Altamira.