Em Mariana (MG), primeiro dia de Encontro dos Atingidos denuncia “enrolação” da Vale nos territórios

Foto: Coletivo de Comunicação MAB Como parte da Jornada de Lutas “A Vale destrói, o povo constrói”, começou neste domingo (3) o Encontro dos Atingidos na cidade de Mariana, Minas […]

Foto: Coletivo de Comunicação MAB

Como parte da Jornada de Lutas “A Vale destrói, o povo constrói”, começou neste domingo (3) o Encontro dos Atingidos na cidade de Mariana, Minas Gerais. O evento tem a participação de diferentes comunidades das bacias do Rio Doce e Paraopeba e debate a situação da população afetada pelos crimes no estado.

Na próxima terça-feira (5), o rompimento da barragem de Fundão completa quatro anos. Para marcar a data, a atividade, que vai durar três dias, promove a denúncia de não reparação da Vale, Samarco e BHP Biliton e orienta a luta no próximo período.

No início da plenária, Camila Brito, da coordenação do MAB, organizou um dinâmica de grupo, onde os atingidos expuseram palavras-chave, em uma espécie de radiografia do Brasil atual, para o entendimento do cenário político. “Piora na saúde, violência contra a mulher, destruição do meio ambiente, intimidação e ameaças, retirada de direitos”: foram alguns dos pontos levantados pelos atingidos.

Fundação Renova no Rio Doce

Das cerca de 54 mil solicitações de cadastro para reparação na bacia do rio Doce, apenas 48% dos pedidos foram reconhecidos, de acordo com dados apresentados por Guilherme Camponez, militante do MAB.

Camponez alerta para a cooptação dos atingidos por meio da resolução de pequenos projetos locais e destaca: “só a Fundação Renova, que foi criada para reparar o crime, gasta 2 bilhões de orçamento anual. São mais de 500 funcionários diretos por toda a bacia. Com esse exército não dá para fazer a reparação? ”, diz o militante do MAB.

      Foto: Coletivo de Comunicação MAB

A promessa de reconstrução da comunidade de Bento Rodrigues continua, agora o prazo é final de 2020. “Não tenho confiança nenhuma na Renova. Não há nenhuma casa construída em reassentamentos coletivos. Construíram e reformaram poucas casas e foi por cima da lama tóxica” opina Guilherme Camponez.   

Em Brumadinho, mesma situação

“As situações são muito parecidas nas duas bacias. Colocam a empresa no território para tirar direitos. Matam rio e matam gente e acham que isso é normal”, afirma uma atingida de Brumadinho, que preferiu não se identificar.     

Foto: Coletivo de Comunicação MAB

Ana Galeb, militante do MAB, destacou a importância da assessoria técnica na região para que seja realizado um processo de reparação justo e integral. E trouxe um panorama sobre a atuação da esfera jurídica para que a empresa cumpra seu papel.

“Estamos preocupados com este período de chuvas em Brumadinho, a água com lama está voltando a invadir as casas das famílias na região central da cidade”, diz Miqueias Ribeiro, da coordenação do MAB.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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