Certeza na luta marca os 2 meses do rompimento de Quati (BA)
Mesmo com processo de reparação improvisado e falta de informações, luta e organização dos atingidos conquista grupo de trabalho e visitas técnicas para dinamizar reparação digna e justa para os […]
Publicado 11/09/2019
Mesmo com processo de reparação improvisado e falta de informações, luta e organização dos atingidos conquista grupo de trabalho e visitas técnicas para dinamizar reparação digna e justa para os atingidos pela barragem de Quati, na Bahia.
Famílias atingidas pela barragem de Quati marcharam em pedro Alexandre no dia 11 de agosto, data que marcou um mês do rompimento.
A situação após o rompimento da barragem de Quati (BA), que ocorreu no dia 11 de julho e hoje completa dois meses, ainda é delicada. Com poucos avanços e falta de informações oficiais precisas, as famílias ainda não foram assistidas com a devida dignidade, e convivem com o medo de novos rompimentos.
Laudos técnicos elaborados tanto pela Defesa Civil do Governo do Estado quanto pela equipe técnica do Ministério Público Estadual da Bahia apontaram que as barragens de Lagoa Grande, Gameleira I e II estão sob alto risco de rompimento. O município já atingido de Pedro Alexandre em caso de um novo rompimento dessas barragens ficaria embaixo de água, não há nenhum sistema de drenagens que possa facilitar o escoamento da água. Neste município, a Defesa Civil entregou os relatórios com os levantamentos da situação após o rompimento de Quati somente na semana passada, o que aumenta a insegurança das famílias.
Em Coronel João Sá, outro município atingido, as reivindicações são principalmente o aluguel social e a construção das casas para realocar as famílias que perderam tudo. No Quati, povoado próximo e que dá nome à barragem, a situação é extremamente precária, já que as famílias perderam a fonte de renda e de alimento.
Mesmo neste contexto adverso, a luta e organização dos atingidos conseguiu alguns avanços importantes através da pressão do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que garantiu entre outros pontos, a formação de um grupo integrado pela Defesa Civil e a Superintendência de Assistência Social (SAS) do Governo do Estado, técnicos do Ministério Público Estadual, e o Instituto Estadual de Meio Ambiente (INEMA), para agilizar os processos de reparação. A primeira visita do grupo as regiões atingidas está prevista para os dias 16 e 17 de setembro.
Outro ponto importante foi a vistoria do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) que visitará a região nos dias 19 e 20 de setembro, assim como a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (ALBA). Ambas instituições irão analisar a situação dos atingidos em loco e o impacto do rompimento na região. No mesmo período, através de uma parceria com o Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), uma equipe chegará à Coronel João Sá para começar um processo de acompanhamento psicológico das famílias atingidas.
A luta que os atingidos vem travando desde o rompimento, e sobretudo com o fortalecimento após as jornadas de lutas do MAB entre 25 e 28 de agosto, proporcionou que ainda esse mês ocorram três grandes movimentações na mesma semana afirma Moisés Borges, da Coordenação Nacional do MAB que atua na região, É um grande mutirão que o MAB conseguiu organizar para tentar resolver os problemas do povo, resultado de um intenso processo de luta e organização dos atingidos. É inclusive o início de um processo de reparação digna para as famílias.