MAB é homenageado na Espanha pela luta em defesa dos direitos dos atingidos e do meio ambiente
No marco da edição número 12 do Festival Internacional de Ambiente e Cinema Ecozine de Zaragoza, Espanha, o Movimento dos Atingidos por Barragens recebeu o prêmio Berta Cáceres, que reconhece […]
Publicado 18/05/2019
No marco da edição número 12 do Festival Internacional de Ambiente e Cinema Ecozine de Zaragoza, Espanha, o Movimento dos Atingidos por Barragens recebeu o prêmio Berta Cáceres, que reconhece o compromiso com o Meio Ambiente. Na ocassião, o movimento denunciou os crimes de Mariana e Brumadinho e o iminente risco de rompimento de mais uma barragem da Vale em Barão de Cocais.
Nascido em 2008, o prêmio ao compromiso ambiental do Festival Internacional de Ambiente e Cinema Ecozine, realizado em Zaragoza, na Espanha, leva o nome da companheira Berta Cáceres. Nesta edição, o reconhecimento foi entregue ao Movimento dos Atingidos por Barragens, fruto da luta do movimento pelos direitos das populações atingidas, e por seu trabalho com as populações atingidas pelos crimes da Vale em Minas Gerais: Mariana e Brumadinho. Pedro Piñeiro, diretor do festival Ecozine, se disse muito honrado de entregar o reconhecimento ao MAB e explicou: Conheco bastante bem a problemática, e sei o quão importante é essa luta constante das pessoas que vivem nas regiões atingidas. Nós, europeus, passamos e vamos embora, mas são essas pessoas que vivem as consequências de trabalhar em defesa dos direitos das populações atingidas.
Quem recebeu a destinação em nome do MAB, Joceli Andrioli, disse: Para nós, é uma grande honra ter essa homenagem e receber este prêmio Berta Cáceres. Berta, que segue como uma estrela iluminando nossas lutas na América Latina em defesa da vida, dos nossos rios e da nossa natureza.
Num vídeo projetado durante a cerimônia, e acompanhada por várias mulheres do Movimento, Berta Zúñiga, filha de Berta Cáceres e coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH) disse: Parabenizamos ao Movimento dos Atingidos por Barragens do Brasil pela obtenção do prêmio, e dissemos desde Honduras também reconhecemos o importante trabalho em defesa das vítimas deste capitalismo assassino, que para enriquecer aos grandes empresarios do setor da energia tem afetado a vida de milhões de pessoas, que hoje somos vítimas deste sistema de morte. Esperamos que sigam em frente.
Joceli Andrioli, que é da coordenação nacional disse ainda: Sabemos que América Latina, e especialmente o Brasil, vivem um momento muito difícil, em que as garras do imperialismo norte americano tentam impor seu devastador modelo neoliberal, e converter o Brasil numa mera colonia subserviente. Mas continuamos na luta porque sabemos que esse sistema mata. Um claro exemplo são os crimes cometidos pela empresa Vale, como o acontecido em Brumadinho em 25 de janeiro, que matou mais de 300 pessoas, e ainda tem pessoas não encontradas. Continuaremos denunciando e firmes na luta do movimento para que sejam punidos e não voltem a acontecer crimes como o de Brumadinho e Mariana.
O MAB, na voz de Joceli Andrioli, aproveitou a ocasião para denunciar a gravíssima situação da mina Congo Soco em Barão de Cocais, Minas Gerais, também da Vale, que entrou em risco máximo de rompimento, e se estima que possa romper a partir deste domingo, 19 : Neste exato momento está em risco iminente uma outra barragem da Vale, em Barão De Cocais, Minas Gerais, e foi anunciado que a ruptura pode acontecer nesses dias. Então, é um momento de muita injustiça no Brasil, gerado pelo lucro do capital e deste modelo neoliberal que privatizou as empresas públicas e põe constantemente em risco os seres humanos e o meio ambiente. Andrioli renovou o compromisso: No momento em que recebemos este prêmio renovamos esse compromisso como Movimento dos Atingidos por Barragens para seguirmos firmes na luta. Mesmo neste contexto tão desfavorável temos esperança. Seguiremos lutando pelo direito de viver e de sonhar.