Movimentos populares lançam manifesto contra a LGBTfobia
Movimentos Populares lançaram hoje (17) um manifesto conjunto no Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia. Leia o documento completo: Os últimos três anos explicitaram, mais uma vez, a […]
Publicado 17/05/2019
Movimentos Populares lançaram hoje (17) um manifesto conjunto no Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia. Leia o documento completo:
Os últimos três anos explicitaram, mais uma vez, a face antipopular, antidemocrática e antinacional da elite brasileira que, ao golpear a nossa democracia, instaurou um ciclo de regressão dos direitos da classe trabalhadora, da nossa soberania nacional e no aprofundamento da dependência do imperialismo estadunidense. Ao mesmo tempo, essa ofensiva conservadora também expressou com vigor a deterioração dos poucos avanços que obtivemos no âmbito dos direitos das mulheres, da população negra e LGBT por conta do conluio entre as elites e os setores mais fundamentalistas, o que exige que nós enfrentemos as entranhas de nosso passado/presente profundamente racista e patriarcal.
Neste mesmo período, a população LGBT esteve na mira desse conluio empresarial-conservador na medida em que se percebeu a ampliação do número de assassinatos violentos, de suicídios, de perseguições nas universidades e espaços públicos de sociabilidade. A população LGBT foi apresentada no discurso conservador como seres desprezíveis que pregam a pedofilia e a erotização de crianças, associação criminosa feita pelos que afirmam a existência de uma ideologia de gênero nas escolas.
Diariamente criminalizados pelos olhares, insultos e violências psicológicas, simbólicas e institucionais, as pessoas LGBTs se deparam com uma realidade que as segrega no mundo do trabalho, no direito à cidade, acesso à terra, à saúde e educação. Os setores conservadores mistificam essa realidade, buscando construir uma falsa narrativa de que as pessoas LGBT estão em busca de privilégios em face do conjunto da população.
Diante deste cenário, a votação da criminalização da LGBTfobia no STF adquire uma importância singular: é uma resposta, nos marcos legais, de que não é admissível a violência contra LGBTs no Brasil, embora saibamos que mudanças na legislação penal por si só não produzirão a diminuição da violência contra LGBT’s, mas, na verdade, estaremos diante de uma conquista que abrirá mais espaços para politização acerca da violência contra essa parcela da população.
A proposta de criminalização da LGBTfobia que tramita no STF é fruto de Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26), proposta pelo PPS e do Mandado de Injunção (MI 4733) proposto pela ABGLT, que questionam a ausência de uma legislação protetiva à população LGBT. Os impetrantes solicitam que o STF considere o Congresso omisso por não aprovar normativa específica e que diante da mora legislativa os casos de LGBTfobia sejam equiparados ao crime de racismo.
O debate será retomado no plenário do STF no dia 23 de maio e, até o momento, os quatro ministros que votaram foram favoráveis à criminalização da LGBTfobia. Nesse momento, compreendemos que a criminalização da LGBTfobia é um mecanismo de enfrentamento à violência. Contudo, seguiremos vigilantes nas lutas para a ampliação da cidadania LGBT, por políticas públicas específicas e por maior participação das LGBT.Nós, lutadoras e lutadores, dos movimentos populares nos somamos ao movimento LGBT pela defesa da vida e pelo respeito às existências LGBT. Acreditamos que transformar o Brasil é assegurar um projeto de vida para pessoas, que rompem com as imposições patriarcais relativas à sexualidade e identidade de gênero.
Por um projeto colorido, antirracista, feminista e popular para o Brasil.
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB
Consulta Popular
Levante Popular da Juventude
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Movimento dos Trabalhadores Por Direitos – MTD
Movimento Pela Soberania Nacional na Mineração – MAM
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
Pastoral da Juventude Rural – PJR