Lama tóxica da barragem da Vale chega ao rio São Francisco, aponta SOS Mata Atlântica
De acordo com estudo realizado no curso do Paraopeba, foi encontrada concentração de minérios e turbidez da água no reservatório de Três Marias Foto: Divulgação. Dois meses após o rompimento […]
Publicado 25/03/2019
De acordo com estudo realizado no curso do Paraopeba, foi encontrada concentração de minérios e turbidez da água no reservatório de Três Marias
Foto: Divulgação.
Dois meses após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que despejou quase 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no Rio Paraopeba, o ecossistema local está devastado.
Lançado na última sexta-feira (22), Dia Mundial da Água, o relatório “O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica” divulgou o resultado da análise de amostras da segunda expedição que a SOS Mata Atlântica fez pelo rio Paraopeba até o Alto São Francisco.
O trabalho, realizado entre os dias 8 e 14 de março, analisou a presença de rejeitos tóxicos no curso do rio. Foi detectada a concentração de ferro, manganês, cromo e cobre, além do nível de turbidez da água ultrapassar os limites legais estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Dos 12 pontos analisados, nove estavam com condição ruim e três em estado regular no trecho a partir do reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de Felixlândia e Pompeu até a chegada ao reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco – o que faz com que a água esteja imprópria para uso da população.
Os dados mostram que o reservatório de Retiro Baixo está segurando a maior parte do volume de rejeitos de minério levado pelo Paraopeba. De acordo com a organização, apesar de existirem medidas no sentido de evitar que os rejeitos atinjam o rio São Francisco, os contaminantes mais finos estão ultrapassando o reservatório e descendo o rio, e já são percebidos nas análises em padrões elevados.
O Movimento dos Atingidos por Barragens já havia alertado para a situação. Veja o vídeo do Paraopeba contaminado, na altura do município de Mario Campos: https://www.facebook.com/MAB.Brasil/videos/671261219954507/
O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), que faz a análise no estado, afirmou que os rejeitos chegaram a Retiro Baixo, mas ainda não confirma a contaminação em Três Marias. A recomendação é que a população que vive nas proximidades do rio não consuma a água, porém não há uma construção eficiente de alternativa para os atingidos.
De acordo com a Defesa Civil, o balanço atualizado das buscas nesta segunda-feira (25) aponta 212 mortes e 93 desaparecidos.