Solidariedade aos atingidos pela barragem do rio Pericumã
O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB presta solidariedade aos atingidos pelo rompimento da comporta de uma barragem de controle de cheias, irrigação, pesca e abastecimento dágua situada no […]
Publicado 18/02/2019
O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB presta solidariedade aos atingidos pelo rompimento da comporta de uma barragem de controle de cheias, irrigação, pesca e abastecimento dágua situada no Rio Pericumã na Baixada Maranhense.
Na última segunda-feira (11), um cabo de uma das três comportas da barragem de Pericumã se rompeu e atingiu toda a parte baixa da cidade de Pinheiro, que está a 11km da barragem. Diversos bairros da cidade foram atingidos e mais de 100 famílias estão desabrigadas. Os moradores relatam que há vários anos se denunciava o risco de rompimento dessa barragem, que desde a construção em 1982 já apresentava irregularidades.
Infelizmente através deste trazemos à tona mais um incidente envolvendo a problemática da segurança de barragens no Brasil. Há três anos atrás ocorria um Crime social e ambiental na Bacia do Rio Doce em Mariana com o rompimento da barragem de Fundão, que além de contaminar todo o ecossistema do Rio Doce, deixou 19 vítimas fatais. Mais recentemente, há menos de um mês toda a sociedade brasileira e mundial vem acompanhando as consequências de mais um Crime da Vale em Minas Gerais, dessa vez no município de Brumadinho com o rompimento da barragem de rejeitos da Mina Córrego do Feijão, crime este que até hoje contabiliza 165 vítimas fatais, 155 desaparecidos e 138 pessoas desabrigadas, o que para nós se configura em um Massacre da Vale, afetando centenas de famílias de forma direta e indireta, além da contaminação na Bacia do Paraopeba, afluente do Rio São Francisco, um dos principais rios brasileiros.
Para a preocupação do MAB e da sociedade brasileira, o rompimento da comporta da barragem do rio Pericumã não pode ser tratado como um caso isolado, mas sim como resultado de um modelo. Há mais de 28 anos atuamos com comunidades e populações atingidas por barragens e denunciamos o modelo de desenvolvimento das barragens no Brasil. Sejam elas barragens com fins hidrelétricos, de acúmulo de água ou de acúmulo de rejeitos minerais, o que impera é a lógica do lucro e a completa ausência de comprometimento social, tanto na inserção das populações atingidas como beneficiárias das obras, como na exposição das populações que residem nos arredores das obras à cada vez mais possíveis situações graves como às que ocorreram em Minas Gerais e semelhante ao que ocorre em Pinheiro no Maranhão, sem citar os impactos ambientais.
Queremos reforçar a denúncia do atual modelo energético e de mineração, assim como denunciar a ausência de planejamento e de garantia de direitos aos atingidos e a ausência de garantia de segurança às populações que residem no entorno de diversas barragens com riscos de rompimento no Brasil. É preciso que o governo brasileiro tome rápidas iniciativas para evitar que mais casos como os de Mariana e Brumadinho assolem milhares de famílias e comunidades.
Se para os que comandam esse modelo o que impera é a lógica do lucro, para o povo o que impera é a lógica da luta, e é através da organização das famílias atingidas que é possível a garantia dos direitos. O Movimento dos Atingidos por Barragens reafirma que a solidariedade para com os atingidos em Pinheiro e está encaminhando militantes para a região para apurar os acontecimentos e prestar o apoio com a experiência do Movimento.