MAB denuncia violência contra mulheres atingidas no Paraná

Nívea Diógenes, integrante da coordenação do MAB, denunciou os reponsáveis pela negação dos direitos das mulheres atingidas em audiência pública na ALEP, em Curitiba “O patriarcado e a sociedade de […]

Nívea Diógenes, integrante da coordenação do MAB, denunciou os reponsáveis pela negação dos direitos das mulheres atingidas em audiência pública na ALEP, em Curitiba


“O patriarcado e a sociedade de classes são estruturalmente os responsáveis pela violência contra as mulheres atingidas por barragens no Paraná”. Essa foi uma das afirmações feita pela integrante da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Nívea Diógenes, que apresentou, nesta terça-feira (6), situações de violência sofridas pelas mulheres atingidas por barragens no estado, durante audiência pública ocorrida na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), em Curitiba.

A audiência pública foi organizada pela Via Campesina e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Contou com a participação de mulheres de várias organizações como quilombolas, posseiras, sem terra, atingidas por barragens e foi presidida pelo deputado estadual Professor Lemos (PT/PR), com a participação de outros parlamentares.

O patriarcado e a sociedade de classes são estruturalmente os responsáveis pela violência contra as mulheres atingidas por barragens no Paraná. No entanto, “os sujeitos dessa violência são as empresas transnacionais como a Iberdrola – controladora do grupo Neoenergia, a Engie, donas das barragens e o próprio estado, por meio das empresas públicas como a Copel, dos órgãos de licenciamento, como o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), do poder executivo e das agências reguladoras que planejam, licenciam, executam e financiam as barragens”, explica Nívea.

Para a militante, o poder legislativo não pode ser conivente com esse processo de violência, pois “ao autorizar a construção de barragens, não exige que os direitos das populações sejam garantidos. É urgente a necessidade de uma política de direitos para garantia de direitos dos atingidos por barragens. Planos de desenvolvimento regional devem ser construídos com a participação do povo a fim de garantir melhores condições sociais e econômicas para as regiões atingidas”, opina.

No Paraná já foram construídas dezenas que barragens que promoveram a expulsão de milhares de pessoas, em sua grande maioria sem seus direitos reconhecidos ou assegurados, o que contribuiu significativamente para o aumento de trabalhadoras sem terra no estado. Existem centenas de projetos de usinas e cada vez mais se impõe a necessidade de espaços de participação e reconhecimento dos direitos das mulheres atingidas. Para Daiane Machado, atingida pela Usina Hidrelétrica Salto Caxias, “é preciso avançar no sentido das mulheres atingidas terem direito de dizer ‘não’ as barragens”. Os vínculos sociais, culturais, familiares e comunitários atingem principalmente as mulheres atingidas.

Além disso, os altos preços das tarifas publicas têm sido uma forma de violência. A privatização de empresas publicas ou mesmo a estratégia de satisfazer os interesses de acionistas privados dessas empresas, tem promovido enorme aumento das tarifas como na água, na energia elétrica, nos combustíveis, no gás de cozinha, afirma Machado. A água e a energia “são estratégicos para a soberania do povo, não podem ser mercantilizados e usados como forma de exploração da classe trabalhadora através de tarifas elevadas” conclui Machado.

Mais do que nunca, segundo Nívea Diógenes, “é preciso que avancemos na luta; a defesa da soberania e da democracia são fundamentais. As empresas públicas não devem ser privatizadas, devem estar sob controle popular, com participação e com distribuição das riquezas à serviço das necessidades do povo”.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro