Brasília sediará dois eventos internacionais sobre questão hídrica
O Distrito Federal sediará, em março, dois eventos internacionais cujo foco será a governança dos recursos hídricos. Um deles será o 8º Fórum Mundial da Água, promovido pelo Conselho Mundial […]
Publicado 02/02/2018
O Distrito Federal sediará, em março, dois eventos internacionais cujo foco será a governança dos recursos hídricos. Um deles será o 8º Fórum Mundial da Água, promovido pelo Conselho Mundial da Água e que ocorre entre os dias 18 e 23. Em contraposição a ele, uma série de entidades populares organiza o Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama), previsto para ocorrer entre os dias 17 e 22.
Foto: Elitiel Gudes
As organizações que promovem o Fama acusam o outro evento de ser o Fórum das Corporações. No site do Conselho Mundial da Água é possível observar que o empresariado é o setor mais presente no órgão.
Edson Aparecido da Silva, da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), afirma que o Fórum Mundial é um espaço excludente.
O Fórum Mundial é uma grande feira de negócios. As empresas vão lá expor produtos e serviços. Para poder acessar o Fórum, você tem que pagar um valor alto, que atinge a casa de R$ 1,4 mil. As organizações da sociedade civil não tiveram a oportunidade efetiva de participar das construções do Fórum, que exclui do debate as várias organizações que lidam com a questão da água como os quilombolas, os indígenas, as mulheres, os atingidos por barragens, diz.
No site do evento, a inscrição que dá direito ao acesso a todos os dias custa R$ 1.315. Após o dia 28 de fevereiro, o valor subirá para R$ 1.490. Segundo a organização, haverá um espaço aberto ao público voltado para atividades formativas e culturais chamado de Vila Cidadã. Silva critica esta iniciativa, categorizando-a como puxadinho e apontando que este será um espaço separado das atividades centrais do Fórum Mundial.
Gilberto Cervinski, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), destaca que o Brasil tem as maiores reservas de água doce do mundo, visadas em um momento de crise mundial do capitalismo na qual há um avanço sobre os recursos naturais.
O Fórum Mundial da Água reúne as transnacionais e os banqueiros do mundo inteiro. Reúne o capitalismo mundial e os governos que apoiam as privatizações. A pauta principal é a privatização da água. O objetivo é estabelecer a propriedade privada sobre a água para que os diferentes ramos de negócios relacionados sejam dominados pelo capital para gerar lucro e acumulação. O Fórum Alternativo é a oposição a isso, explica.
Segundo Cervinski, o Fama tem como objetivo, em meio à sua composição plural e diversa, construir leituras comuns sobre um outro projeto de uso da água que não sejam as privatizações e um calendário de lutas nacional e internacional relacionado ao tema.
A reportagem procurou o Fórum Mundial da Água, questionando os valores das inscrições e a crítica de que não houve participação popular em sua construção. Até o momento de conclusão desta matéria, não houve resposta.
Texto: Rafael Tatemoto
Brasil de Fato | Brasília (DF)