No Rio de Janeiro, seminário internacional discute transição energética
Participantes de 23 países discutem alternativas para a construção de um modelo energético popular em nível global Fotos: Joka Madruga Começou hoje, sexta-feira (6), o Seminário Internacional Transição Energética para […]
Publicado 06/10/2017
Participantes de 23 países discutem alternativas para a construção de um modelo energético popular em nível global
Fotos: Joka Madruga
Começou hoje, sexta-feira (6), o Seminário Internacional Transição Energética para um Projeto Energético Popular, que reúne cerca de 100 pessoas de 37 organizações, vindas de 23 países da América, África e Europa. Organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimiento de los Afectados por Represas en Latinoamérica – MAR (Movimento dos Atingidos por Barragens na América Latina) e Plataforma Operária e Camponesa da Energia, o evento se estende até domingo (8), no Rio de Janeiro (RJ).
Este é o terceiro encontro internacional realizado por essa articulação. O primeiro foi realizado em Bilbao, no País Vasco (Espanha), em outubro de 2013, e o segundo em Newark, nos Estados Unidos, em março deste ano. Ambos foram denominados Seminário Internacional Alimento, Água e Energia não são mercadorias.
Juan Pablo Soller, do Movimiento Ríos Vivos da Colômbia, afirma que este terceiro seminário recebeu um novo nome devido ao desafio das organizações de avançar no debate da transição energética. Queremos um modelo de geração de energia para satisfazer condições de vida digna e não a maximização do lucro, em condições de trabalho precária. Atualmente, diversos projetos que se utilizam de tecnologia de ponta são os que oferecem piores condições de trabalho, explica.
De acordo com Soller, o desafio é encontrar consensos do que seria um modelo popular de geração de energia, já que o seminário congrega trabalhadores do setor elétrico e populações afetadas por projetos de mineração e hidrelétricas. Queremos aqui encontrar e discutir os pontos consensuais de uma transição energética. Um ponto em comum é que a energia gerada não deve ser produzida para gerar ganância e lucro, mas para melhorar as condições de vida digna, explica.
No mesmo sentido, Soniamara Maranho, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), defende que o debate da energia deva ser apropriado pelos trabalhadores. A questão energética hoje está restrita ao debate da geopolítica e da disputa inter-capitalista, incluindo multinacionais e governos. O que almejamos é que o povo seja soberano para decidir sobre sua produção e distribuição da energia.
A liderança também reafirma a importância do 8º Encontro Nacional do MAB, que antecedeu o Seminário Internacional, e reuniu 3.500 atingidos por barragens de 21 estados brasileiros. Já consideramos o Encontro um divisor de águas na história do MAB. E acho que também pode servir para os companheiros de outros países construírem a resistência em seus territórios.
Geopolítica da energia
Nessa manhã, o seminário discutiu a conjuntura e geopolítica da energia, a partir da contribuição do professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC, Igor Fuser, e do secretário geral da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) da França, Fabrice Cohen.