Atingidos lançam Encontro Nacional do MAB em Mariana

Local do lançamento foi usado como cadeia e pelourinho para os escravos que trabalhavam na mineração Atingidos por Barragens de diferentes lugares da Zona da Mata e da região central […]

Local do lançamento foi usado como cadeia e pelourinho para os escravos que trabalhavam na mineração

Atingidos por Barragens de diferentes lugares da Zona da Mata e da região central de Minas Gerais realizaram na tarde da última terça-feira (31) um ato político de lançamento do 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) que será realizado na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 1º e 5 de outubro de 2017.

O lançamento foi feito na Praça Minas Gerais, diante das igrejas históricas de São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo, da Câmara Municipal e antiga cadeia de Mariana e do pelourinho instalado no centro da praça. “Este é um lugar muito importante para a história porque ele denuncia o poder e a violência da mineração ao longo dos séculos. Símbolo da exploração contra os negros e dos desmandos dos poderosos. Estamos ocupando esta praça para indicar que outra história é possível.”, afirmou Letícia Oliveira, militante da MAB.

Padre Geraldo Barbosa refirmou o apoio da Arquidiocese de Mariana ao trabalho do MAB na região e falou da importância deste trabalho de resistência dentro da cidade de Mariana. “Há muitos que não entendem este trabalho e há muita desinformação sobre este esforço de organizar os atingidos. Reunir e fazer este ato diante do pelourinho é muito simbólico, é reafirmar o compromisso com a liberdade e com o trabalho digno e seguro para os trabalhadores na mineração”, afirmou.

Tatiane Ribeiro, professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e integrante do GEPSAGrupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais, que muito tem contribuído com a luta dos atingidos pela Samarco na região de Barra Longa, falou do desafio de colocar a universidade pública a serviço dos atingidos e daqueles que se organizam e fez vários relatos sobre o desafio de construir qualquer iniciativa de resistência e informação dentro de Mariana. “Temos uma luta imediata para garantir os direitos das famílias, mas uma luta muita maior, de longo prazo, para mudar a racionalidade do sistema, produzir um desenvolvimento que respeite a vida”, concluiu.

Tomas Rocha, trouxe o apoio do GESTA – Grupo de Estudos em Temáticas Sociais da UFMG a realização do Encontro Nacional e ao trabalho do MAB e refirmou a parceria histórica. “Temos uma parceria muito antiga com muitos avanços e conquistas e precisamos cada vez estreitar nossos laços de relação para alcançarmos um novo modelo”.

Cristiano, vereador e presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara Municipal afirmou que “o Encontro do MAB em Mariana foi um marco para nossa cidade. Esperamos que o encontro no Rio de Janeiro seja tão proveitoso como foi aqui e traga resultados positivos para a luta dos atingidos”. Ele colocou a Comissão à disposição da organização do Encontro e dos atingidos.

Aida, ex-vereadora da cidade e militante do movimento negro, lembrou o histórico de exploração na região de Mariana e de como a mineração não tem deixado riqueza para a população. “Como é possível que Mariana ainda não tenha água tratada? Um direito básico. Esta casa de leis, a Câmara Municipal, tem que discutir alternativas e não apenas o recolhimento de impostos. E o desenvolvimento humano, a dignidade, a saúde dos moradores?” questionou.

Os atingidos de Diogo de Vasconcelos, Raul Soares, Abre Campo, Mariana, Barra Longa, Paula Cândido, entre outras cidades da região se revezaram nos relatos dos grandes desafios enfrentados nas regiões e em como estão construindo a organização das famílias.

O 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reunirá cerca de 5 mil pessoas entre atingidos por barragens no Brasil e seus parceiros nacionais e internacionais e terá entre os objetivos celebrar as conquistas, trocar experiências, consolidar a organização e a força própria, denunciar o atual modelo energético e as violações de direitos e fazer o balanço crítico do legado histórico da revolução russa e da construção do socialismo e a necessidade construir uma transformação que mude a ordem social, radicalize a democracia e entregue o poder aos trabalhadores.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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