Contra privatizações, entidades fazem manifestação na ALEP nesta segunda-feira

PL proposto pelo governador Beto Richa (PSDB) visa ‘cheque em branco’ para venda de ações e bens de empresas públicasPor Ednubia Ghisi do Brasil de Fato PR Entidades sindicais e […]

PL proposto pelo governador Beto Richa (PSDB) visa ‘cheque em branco’ para venda de ações e bens de empresas públicasPor Ednubia Ghisi do Brasil de Fato PR

Entidades sindicais e movimentos populares realizam, a partir das 13h30 desta segunda-feira (19), manifestação contra o Projeto de Lei (435/16) que visa permitir a venda de ações da Copel e Sanepar e de imóveis de outras estatais paranaenses. A iniciativa é do Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores Públicos Estaduais do Estado do Paraná, composto por sindicatos de trabalhadores do setor público e privado, além de movimento como o dos Atingidos por Barragens (MAB) e dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A mobilização será no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), durante a sessão que pode aprovar o PL em definitivo. Este e outros projetos, aprovados em primeiro turno no dia 12 de setembro, fazem parte do novo ‘pacotaço’ de ajustes fiscais proposto pelo governador Beto Richa (PSDB). 

O PL 435 prevê a instituição do Conselho de Controle das Empresas Estaduais, que dispensaria a autorização legislativa para venda de imóveis e ações das empresas públicas e sociedades de economia mista. “É um cheque em branco assinado pelos deputados. Na hora que a população acordar, não terá mais as empresas públicas”, lamenta Jonas Braz, funcionário da Copel e diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Energia Elétrica de Maringá e Região (STEEM), prevendo a privatização de parte das empresas públicas do estado. 

Na avaliação de Braz, o governo Richa não tem “credibilidade com a sociedade” para ter este nível de autonomia que pode ser concedida pela ALEP, uma vez que “tomou de assalto” o Paraná Previdência e demonstrou ser capaz de agir contra os interesses públicos. 

“Beto Richa é uma continuidade das políticas de Jaime Lerner”, referindo-se à tentativa de privatização da Copel durante o governo Jaime Lerner (do PFL, atualmente DEM), em 2001. À época, a proposta enfrentou forte resistência popular e acabou não avançando. 

Há também um projeto pela criação de duas novas taxas sobre a exploração de recursos hídricos e minerais (PL 434).

Debate entre parlamentares

Durante a sessão que aprovou a PL em primeiro turno, vários parlamentares contrários manifestaram-se na tribuna da ALEP, enquanto apenas um defendeu publicamente as medidas.

Na avaliação do deputado Tadeu Veneri (PT), a Copel e a Sanepar são uma “cenoura para que o coelho corra atrás”, uma vez que não há transparência sobre quantos são e qual o valor dos imóveis das demais empresas. Entre elas está a Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar), a Estrada de Ferro do Paraná (Ferroeste), a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), Centrais de Abastecimento do Paraná S/A (Ceasa).

“Ninguém sabe o que de fato estaria sendo autorizado a ser vendido. Quantas centenas de milhões vale este patrimônio? Eu duvido que algum deputado saiba o que está colocando, com o seu voto, para ser vendido”, desafiou. 

Para Anibelli Neto (PMDB), o voto favorável aos PLs será “algo que ficará manchado na biografia de alguns parlamentares”. “Esse jogo, nós estamos sabendo, é para pagar os financiamentos de campanha. É uma vergonha que isso possa acontecer”.

Na mesma direção, Pericles de Melo (PT) classificou a proposta de Richa como uma “negociata com o patrimônio público”, e prevê que imóveis possam ser colocados à venda para, mais tarde, serem comprados por preços cinco a seis vezes maiores.

Para o deputado Professor Lemos (PT), o Projeto 435 dará prejuízo ao Paraná e à população, uma vez que reduzirá a participação do estado nas ações preferenciais das empresas e, consequentemente, nos lucros: “O Estado vai ter custo para administrar, e quando o lucro vem, ele entrega para os acionistas privados. Ele administra para a iniciativa privada”, explica.

Sozinho na defesa pública do PL, Luiz Claudio Romaneli (PSB) garantiu que “sob hipótese alguma é privatização”, acusando a existência de deputados desinformados dentro da Assembleia. “Ninguém está aqui para votar lapidação do patrimônio público. Não tem nenhuma privatização”, justificou.

Após o anúncio do placar favorável ao PL, integrantes do Fórum presentes nas galerias da ALEP reagiram com vaias e gritos de ‘golpistas’. Em resposta, Ademar Traiano (PSDB), presidente da Casa, admitiu a possibilidade de o impedimento da presidenta Dilma Rousseff ter sido ilegítimo: “Golpistas talvez estejam lá do outro lado, em Brasília, aqui não”.

Mobilização contínua

O Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores Públicos Estaduais do Estado do Paraná tem protagonizado a resistência contra o novo pacotaço de Beto Richa. Segundo Marlei Fernandes, diretora da APP Sindicato e integrante da coordenação do Fórum, há pelo menos seis plenárias previstas para ocorrer na capital e em municípios do interior.

“A ideia é ampliar o debate, fazer crescer a defesa daquilo que é público, para que a população não perca nem no presente nem no futuro”, explica.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 18/09/2016

Pega Ladrão!