Posição dos atingidos por barragens a respeito do cancelamento da hidrelétrica no rio Tapajós.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) considera que a decisão do IBAMA em não conceder a licença para a instalação da Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós, na região […]
Publicado 05/08/2016
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) considera que a decisão do IBAMA em não conceder a licença para a instalação da Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós, na região amazônica brasileira, é em primeiro lugar uma vitória do povo que luta contra a construção desta hidrelétrica há muito tempo.
São vitoriosas, neste momento, todas as comunidades atingidas e ameaçadas pelas barragens que há décadas denunciam a permanente violação dos direitos humanos no caso da construção das hidrelétricas no Brasil.
O MAB também homenageia e agradece o apoio de tantas organizações populares, sindicais, ambientalistas, pastorais religiosas e servidores públicos que se colocaram a favor da luta do povo atingido, reforçando assim a luta dos camponeses, indígenas, pescadores e garimpeiros que são os sujeitos e protagonistas desta luta vitoriosa.
O MAB alerta, no entanto, que a luta não terminou. Esta região e este rio, como tantas outras regiões e rios no Brasil e no mundo, são cobiçados pelos grandes empresários e capitalistas que só visam o lucro a qualquer preço, e que farão de tudo para voltar a ameaçar os povos que vivem as margens do Tapajós. O MAB continuará sua luta nesta região, organizando e lutando pelos direitos dos atingidos e ameaçados pelas barragens.
Em nossa opinião, a razão do IBAMA em não conceder a licença neste momento é parte do atual estágio econômico e político que vive nosso país. Em primeiro lugar, não há necessidade de produzir mais energia nesse cenário de baixo crescimento econômico. Além disso, com um governo provisório e ilegítimo, não seria simpático para estes manter um projeto desnecessário e politicamente polêmico como a construção da Barragem de São Luiz do Tapajós, na Amazônia brasileira.
Denunciamos, finalmente, que o atual modelo energético brasileiro só favorece as grandes empresas nacionais e multinacionais que lucram enormes quantias de dinheiro com o altíssimo preço cobrado nas contas de luz, à custa do trabalho de nosso povo, da expulsão dos atingidos de suas regiões e da destruição ambiental. O caso recente da barragem de Mariana em Minas Gerais é o retrato fiel deste modelo perverso e antipopular.
O MAB acredita que só a luta e organização poderão construir um projeto energético popular para o Brasil.
Água e energia com soberania, distribuição da renda e controle popular.
Movimento dos Atingidos por Barragens MAB.