Mar de lama
por Neudicléia de Oliveira, de Linhares Fotos: Leandro Taques A lama tóxica que invadiu o Rio Doce com o rompimento da barragem da Samarco (Vale/BHP Billiton) no dia 5 de […]
Publicado 15/12/2015
por Neudicléia de Oliveira, de Linhares
Fotos: Leandro Taques
A lama tóxica que invadiu o Rio Doce com o rompimento da barragem da Samarco (Vale/BHP Billiton) no dia 5 de novembro, atualmente rodeia uma extensa faixa litorânea do Espírito Santo e tem gerado uma onda de indignação nos capixabas.
O distrito de Regência, no município de Linhares, era um lugar que dependia basicamente do turismo devido às belas paisagens. Hoje, depois da chegada da lama, a população vive revoltada com a situação da comunidade: os rejeitos de mineração continuam devastando o litoral e interditando as praias.
A funcionária pública municipal, Bruna Cordeiro dos Santos, de 29 anos, nasceu e se criou junto à Foz do Rio Doce. Entretanto, relata com muita tristeza a situação atual da região. Hoje o rio Doce e esse mar representam a morte e desespero. Quando essa lama começou a chegar logo veio o sentimento de luto e muita angústia, porque jamais imaginamos que um dia aconteceria isso. É muito difícil falar para meu filho de 6 anos que ele não pode mais tomar banho no mar, porque desde sempre era essa a nossa rotina, lamenta Bruna.
Para a capixaba, essa tragédia foi uma irresponsabilidade social que poderia ter sido evitada. Além disso, a falta de informação da mineradora tem gerado ainda mais insegurança na população. A gente fica sem resposta nenhuma porque a Samarco faz o que ela acha que é o trabalho dela e ninguém fica sabendo nada. Estão fazendo a análise da nossa água, mas não dão retorno se está boa ou não. Cada dia que vai passando parece que nós estamos sendo mais esquecidos, opina Bruna.