Atingidos do Amapá denunciam crime ambiental da Ferreira Gomes Energia
No dia 19 de novembro, cerca de mil atingidos pelas barragens de Ferreira Gomes e Coaracy Nunes, realizaram protesto na BR 316, que liga os municípios do interior a capital […]
Publicado 21/11/2015
No dia 19 de novembro, cerca de mil atingidos pelas barragens de Ferreira Gomes e Coaracy Nunes, realizaram protesto na BR 316, que liga os municípios do interior a capital Macapá, no Amapá.
O protesto aconteceu em função de mais um desastre ambiental ocorrido no município. No último dia 13 de novembro, os ribeirinhos foram surpreendidos com uma enorme mortandade de peixes no Rio Araguari, abaixo da obra de Ferreira Gomes, de propriedade do consórcio Ferreira Gomes Energia.
Esse não é primeiro desastre ambiental em decorrência da construção da usina, inaugurada em 2014. Segundo informações dos próprios pescadores, com esse desastre, já foram 3 vezes em que houve grande mortandade de peixes no rio. Em maio desse ano, em função das intensas chuvas, as ensecadeiras da usina em construção Cachoeira Caldeirão se romperam e as outras duas usinas localizadas abaixo, foram obrigadas a abrir as comportas e a água praticamente inundou a pequena cidade de Ferreira Gomes, localizada logo abaixo da obra. Com muita pressão, cerca de 400 famílias tiveram o direito garantido de uma indenização entre 20 a 25 mil reais, e segundo levantamentos, existem mais de 1500 processos ajuizados no Fórum do município contra as empresas para reaver parte dos prejuízos.
O consórcio Ferreria Gomes Energia pertence ao grupo ALUPAR INVESTIMENTOS S/A, 100% privado, que possui vários negócios na geração e transmissão no Brasil. É proprietário de 11 usinas hidrelétricas, totalizando 576,4 Mw de energia, 1 parque eólico em Aracati (CE) com 204,4 MW e vários quilômetros de linhas de transmissão.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) protocolou essa semana, na Secretaria de Direitos Humanos em Brasília, documento que comprova a violação dos direitos humanos nas 3 usinas localizadas nesse município: Ferreira Gomes, Coaracy Nunes e Cachoeira Caldeirão. Além disso, foi protocolada a pauta de reivindicações na Eletronorte, empresa proprietária da Usina de Coaracy Nunes, que tem 39 anos de construção e ainda não resolveu os problemas sociais da região.
Na manhã dessa sexta feira (dia 20), os atingidos fizeram uma audiência pública na sede do município com o MPF, MPE, Procurador da República e o senador Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade), onde exigiram procedimentos legais de reparação desses impactos.
A mobilização faz parte do processo de pressão popular, pois as famílias estão cansadas de serem enganadas, afirmou Moroni Pascale, presidente da Associação dos Atingidos por Barragens de Ferreira Gomes.