Movimentos populares montam acampamento no Pará
Após interditarem a BR 163, mais de 500 manifestantes montaram acampamento para reivindicar direitos como saúde, educação e pavimentação de rodovias No início da madrugada desta terça-feira (08), 500 trabalhadores […]
Publicado 08/09/2015
Após interditarem a BR 163, mais de 500 manifestantes montaram acampamento para reivindicar direitos como saúde, educação e pavimentação de rodovias
No início da madrugada desta terça-feira (08), 500 trabalhadores de diversas organizações populares interditaram a BR 163, corredor do agronegócio utilizado para transportar soja e milho da região amazônica para a Europa e demais países estrangeiros, e montaram o Acampamento em defesa da Vida e do Território.
O trecho entre Campo Verde km 30 e o município do Trairão, no Pará, permanecerá ocupado até que se tome uma decisão por parte dos órgãos responsáveis sobre a pauta de reivindicação, que envolve a pavimentação de rodovias, legalização fundiária e melhoria nos serviços básicos, como saúde e educação.
Os manifestantes são moradores do Campo Verde km 30, integrantes das comunidades São Raimundo, Pimental, São Francisco (Periquitos), PA Ipiranga, PA Areia, vicinal do Cacau, Itapacurazinho, além de integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Terra de Direitos, STTR de Itaituba, SINTEPP.
O movimento, em suas articulações, afirma que tentou em diversas ocasiões abrir um diálogo com o Estado para apresentar suas reivindicações. Entretanto, houve uma omissão dos poderes municipal, estadual e federal.
De acordo com o militante do MAB, Fred Vieira, o que se vê por parte desses poderes é um forte apoio ao agronegócio e ao conjunto de grandes projetos pautados para região. Não existe um projeto de melhoria de vida para a classe trabalhadora dessa região, que atualmente está sendo expulsa de suas terras, afirmou.
Vieira também relatou que os distritos e municípios que ficam à margem dessas duas rodovias estão sofrendo com a violência, prostituição, falta de segurança, além da saúde e educação precárias causadas pelas péssimas condições estruturais e econômicas da região.
As reinvindicações dos manifestantes são: pavimentação da BR 230/163 dentro do distrito de campo verde, ruas laterais e lombadas; construção de pontes de concreto e de um prédio para serviços de Correios em Campo Verde; PDS Pimental; legalização fundiária da região; légua patrimonial; acesso à comunicação móvel; educação; saúde; segurança; luz para todos; iluminação pública; água; recuperação de estradas vicinais.
Por sofrer com essa ausência de Estado e abandono, as comunidades reunidas à margem da BR 163 permanecerão mobilizadas até que seja alcançado os objetivos da pauta coletiva reivindicada. É com fé e com muita organização que vamos garantindo nossos direitos, garantiu Vieira.
Desenvolvimento pra quem?
Ao longo das últimas quatro décadas, moradores do entorno da BR 163 Santarém – Cuiabá e BR 230 Transamazônica sofrem com a ausência do Estado brasileiro. Vários ciclos já se passaram nessa região, entre eles a exploração da seringa, ouro e madeira, mas nada de concreto ficou para a região a não ser a precariedade das políticas públicas.
Atualmente, o falso discurso do desenvolvimento, que engana o povo com falsas promessas de mudança de vida há anos, ainda persiste. O futuro da região, de acordo com essa narrativa, depende da implantação de grandes projetos: portos, estrada de ferro, hidrovias, barragens e mineração.
A Constituição brasileira garante saúde, educação, moradia, assim como outros direitos básicos. Porém, em nenhuma lei está escrito que esses direitos só se concretizam com a construção desses grandes projetos de interesse do capital privado.
Foi mais do que provado que esse desenvolvimento beneficia apenas uma parcela da burguesia nacional e, principalmente, é destinado aos interesses internacionais. Precisamos defender o que é nosso, afirmou Vieira.