Comunidade de Carapicuíba comemora instalação de placas solares

A comunidade 1º de Maio, de Carapicuíba (Grande SP), fez uma feijoada neste sábado (11 de julho) para comemorar a construção das placas solares de aquecimento de água, tecnologia popular […]

A comunidade 1º de Maio, de Carapicuíba (Grande SP), fez uma feijoada neste sábado (11 de julho) para comemorar a construção das placas solares de aquecimento de água, tecnologia popular trabalhada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em parceria com a ADAI e a Fundação Banco do Brasil/BNDES. Este projeto prevê a instalações da Tecnologia Social de Aquecedores solares de Baixo Custo (TS_ASBC) em 3 estados (SP, RJ e MG). 

A primeira a ter o benefício foi a professora Rosí Ribeiro. “Com as placas para aquecer água, conseguimos uma economia de cerca de 30% no consumo de energia elétrica”, afirma. A placa foi instalada na sua casa de forma coletiva pela comunidade em maio de 2014. Infelizmente, diz ela, o preço da luz aumentou muito no período. “Se não fosse isso, estaríamos sentindo uma economia de fato”.

A mesma queixa é feita pelo funcionário público Sérgio Barros. “As placas representam uma boa economia, em especial nesse momento em que a conta de luz está cada vez mais cara”, ele diz, mostrando seus talões da Eletropaulo. Apenas esse ano, a concessionária, controlada pela estadunidense AES, já fez três reajustes no preço da tarifa.

Seu Ismael é um dos mais ativos na construção das placas na comunidade e ganhou o apelido de “Levezinho” pela facilidade de subir nos telhados para instalar a tecnologia. “Esse grupo se aproximou mais depois das placas, se conheceu melhor, fortaleceu a comunidade”, disse.

Também estiveram presentes na feijoada dois companheiros de movimentos sociais dos Estados Unidos, Robert Robinson e Joelle Robinson, que também trabalham com o direito à moradia e soberania alimentar com comunidades em Nova York e Washington DC. “É bom ver uma comunidade assim unida”, afirmou Rob. “Nos Estados Unidos, o individualismo é muito forte”, comparou. Os dois militantes estão participando de um intercâmbio para troca de experiências com o MAB.

Um bairro de luta

O 1º de Maio foi fruto da luta por moradia das famílias da região. Há cerca de 20 anos, os primeiros moradores ocuparam a terra, e começaram uma experiência de mutirão para construir as primeiras casas. “Aqui sempre foi uma luta, para ter a moradia, depois para ter a água, a energia elétrica”, afirma o metalúrgico Antônio Costa Real, um dos moradores mais antigos.

Rosí lembra que no começo tinha apenas um ponto de energia e um de água para todas as famílias. “Infelizmente hoje muitas famílias já foram embora e as novas que chegaram não tem a mesma relação com a comunidade”, diz. Hoje, a luta é para receber o título definitivo dos lotes. Vivem cerca de 300 famílias no local.

Antônio também tem bastante experiência com a montagem das placas, tendo participado das duas oficinas feitas junto ao MAB no bairro. Agora, ele já quer fazer novas experiências com a tecnologia: “Quero fazer uma placa de alumínio [no lugar do PVC utilizado normalmente] para ver se funciona. Vai sair um pouco mais caro, mas acho que vai esquentar mais rápido”, ele diz. Segundo ele, a vantagem é que a montagem das placas dessa forma é muito fácil e barata. “Também é bacana a proposta do MAB de deixar de lado a energia convencional”. 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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