Após 39 anos, atingidos pela barragem de Sobradinho recebem energia elétrica

Atingidos pelas obras da hidrelétrica, que atende 15% da região Nordeste, começaram a ser deslocados de suas casas em 1976, durante a ditadura militar. por Guilherme Weimann e Marta Rodrigues, […]

Atingidos pelas obras da hidrelétrica, que atende 15% da região Nordeste, começaram a ser deslocados de suas casas em 1976, durante a ditadura militar.


por Guilherme Weimann e Marta Rodrigues, do Brasil de Fato

As comunidades de Poço do Angico e Mergueira, no município de Sento Sé (BA), atingidas pela Usina Hidrelétrica Sobradinho, conquistaram o direito à energia elétrica após 39 anos.

Inaugurada em 1979, após seis anos de obras, a barragem construída na região norte do estado da Bahia inundou sete municípios e atingiu um total de 70 mil pessoas.

Desde então, as 12 mil famílias deslocadas desde 1976 de suas casas lutam pela reparação de uma série de direitos humanos violada pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF).

Passadas três décadas do início da geração de energia elétrica por Sobradinho, que abastece 15% dos estados do Nordeste, finalmente as famílias atingidas poderão se beneficiar da hidrelétrica através do Programa Luz para Todos.

Para José Nunes, a aquisição da eletricidade é fruto da persistência dos atingidos. “Através da luta foi conquistado [a energia], apesar das muitas dificuldades. Tivemos que passar muitos desafios, porque a barragem traz muito sofrimento, mas com a nossa luta conseguimos”, opinou.

Seu José, como é conhecido, relembra que havia uma dificuldade maior nos anos 70 devido à forte repressão da ditadura militar e à ausência de uma organização que reunisse toda a população. “Nestes dez anos que o MAB chegou aqui temos acumulado experiências de organização, de luta pelos direitos e hoje estamos recebendo as primeiras conquistas”, afirmou.

Apesar da vitória, a maioria das comunidades atingidas pela barragem imortalizada pela música de Sá e Guarabyra ainda sofre com a escassez de água, falta de moradia adequada, problemas com estrada e, consequentemente, acesso à escola.

“Ainda temos muita luta pela frente”, afirmou, com ar determinado, o atingido José Nunes. 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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