Mulheres debatem violações de direitos por grandes projetos no Tapajós
Trinta mulheres de seis comunidades da região de Itaituba realizaram um encontro para discutir a violação dos direitos das mulheres devido aos grandes projetos na região do Tapajós. O encontro, […]
Publicado 16/06/2015
Trinta mulheres de seis comunidades da região de Itaituba realizaram um encontro para discutir a violação dos direitos das mulheres devido aos grandes projetos na região do Tapajós. O encontro, ocorrido neste fim de semana (13 e 14 de junho) é o primeiro de uma série de oficinas que ocorrerão nas comunidades da região com o objetivo de construir a pauta de reivindicações das mulheres.
A metodologia aplicada para trabalhar esse tema foi a construção de arpilleras técnica de bordados de retalhos sobre juta que as mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) tem adotado em mais de 100 encontros em todo o Brasil para retratar as violações de direitos na vida das mulheres com a construção de barragens. A técnica é oriunda do Chile, onde as mulheres a utilizaram para denunciar as atrocidades da ditadura de Pinochet.
Além das mulheres do MAB, participaram da atividade lideranças comunitárias e integrantes de sindicatos rurais e movimentos de mulheres dos municípios de Itaituba, Trairão, Rurópolis e Aveiro. Eram indígenas, ribeirinhas, agricultoras, professoras, estudantes e donas de casa. A atividade faz parte do processo de organização das mulheres na região que o MAB tem impulsionado em parceria com a entidade de cooperação Christian Aid e apoio da União Européia.
A região do Tapajós sofre ameaça com a construção de um complexo de hidrelétricas, cuja primeira, São Luís do Tapajós, está prevista para ir a leilão no ano que vem. Outros projetos, como a construção de portos para escoamento de grãos, já afetam a vida das mulheres na região, pois impactam atividades como a pesca, ameaçam a moradia além de aumentarem a violência e a prostituição. Além desses temas, nas arpilleras, as mulheres retrataram também problemas como o alto custo da energia e a falta de políticas públicas.
Aprendi muito. Percebi que nós, mulheres, sofremos muitas violências e essa [arpillera] é a forma mais simples de denunciar, pois podemos encaminhar a qualquer tribunal e também chamar atenção da sociedade de uma maneira diferente, afirmou Ana, do Movimento de Mulheres de Rurópolis.
A partir dessa primeira atividade, as mulheres construíram um calendário de oficinas sobre o tema nas comunidades de Pimental, Assentamento Areia 2, na Aldeia Praia do Índio, bem como em outros bairros de Itaituba e nos municípios de Rurópolis e Aveiro.
Edilene, agente de saúde indígena da Aldeia Praia do Índio, do povo Munduruku, também elogiou a atividade: Quando somos convidadas para um espaço como este contribui muito, porque muitas vezes lutamos separado, mas a questão indígena e a questão do branco é a mesma luta. Nós vamos divulgar para a nossa comunidade e inserir no nosso cotidiano, disse.