Apeoesp estima que 59% dos professores aderiram à greve
Paralisação é contra os baixos salários, o fechamento de turmas e a superlotação das classes remanescentes e a precarização nas contratações. Apeoesp calcula 139 mil professores em greve; próxima assembleia da […]
Publicado 27/03/2015
Paralisação é contra os baixos salários, o fechamento de turmas e a superlotação das classes remanescentes e a precarização nas contratações. Apeoesp calcula 139 mil professores em greve; próxima assembleia da categoria é hoje no vão do MASP.
“Se o sindicato oficial da categoria, com os 40 mil professores que lotaram o vão livre do Masp na última sexta-feira não tem legitimidade, então quem tem?”, questiona, ressaltando total tranquilidade na deliberação da greve. Segundo Bebel, ao afirmar que a paralisação é uma novela que se repete anualmente o governador admite que os professores têm motivos para entrar em greve todos os anos. “Ele admite que seu governo não prioriza nem valoriza a educação e os professores.”
Pelas contas da Apeoesp, a Secretaria Estadual da Educação fechou neste ano 3.390 classes, sendo 3.300 apenas de ensino médio, conforme levantamento parcial em 73 regiões, o que agravou a superlotação de salas de aula com até 60 alunos em turmas do ensino regular e de até 91 alunos em classes de Educação de Jovens e Adultos.
“No momento em que o ensino médio tem de ser ampliado e melhorado, para colocar mais alunos e mantê-los nessa etapa importante da educação, o governo paulista vai na contramão e fecha turmas”, explica. Além disso, cortou verbas das escolas, muitas das quais não têm recursos nem sequer para comprar papel higiênico.
Quanto aos recursos humanos, foi reduzido o número de coordenadores pedagógicos, profissionais fundamentais para o planejamento e execução do trabalho pedagógico nas escolas, o que piora ainda mais a qualidade do ensino. Sem contar o grande número de escolas que dispensam os alunos mais cedo por falta de água.
Conforme a presidenta da Apeoesp, os professores reivindicam melhores condições de trabalho, o que inclui o desmembramento das salas superlotadas, melhorando assim as condições de ensino-aprendizagem para os estudantes, a equiparação salarial com os demais profissionais com formação de nível superior conforme estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE). Ou seja, aumento de 75,33%, índice necessário para essa equiparação.
Para a presidenta da Apeoesp, o desdém do governador Alckmin pode ser entendido como sinal de que deverá ignorar o movimento e endurecer com a categoria. “Ele deverá fazer como fez seu antecessor, José Serra, em 2010, quando a greve durou 33 dias. A intransigência, a falta de diálogo já está colocada. Para os três ofícios que mandamos, já respondeu que só nos atenderia em abril, sendo que nossa data-base é 1º de março.”
Educação, Petróleo e Mídia
Na última sexta-feira (20) mais de 40 mil professores saíram às ruas por melhores condições de trabalho e a grande imprensa ignorou o ato. O governador do PSDB, Geraldo Alckimin chegou a afirmar que “Não está tendo greve. Entretanto, a mesma imprensa usa as denúncias do Lava Jato para desgastar diariamente a imagem da Petrobrás. Não fazem distinção entre as pessoas suspeitas de corrupção e a maior empresa da América Latina responsável por 13 % do PIB brasileiro. O boicote da grande mídia sobre a greve dos professores e os ataques a Petobrás demonstram a parcialidade de grande parte da imprensa brasileira.
Para Gilberto Cervinsk, coordenador do MAB e integrante da Plataforma Camponesa e Operária para a Energia, o motivo dessa blindagem e ataques a Petrobrás é claro. Os sucessivos ataques a Petrobrás tem o objetivo de privatizar a empresa. Desde a aprovação da Lei da Partilha os EUA e os outros países que comandam o mercado de petróleo do mundo se mostraram insatisfeitos. As denúncias de corrupção abriram a brecha para os ataques a Petrobrás realizados diariamente pela grande mídia, alerta.
A lei da Partilha, aprovada durante o governo Lula, garante que grande parte do petróleo produzido fique sob o comando do Estado brasileiro. A ANP, Agência Nacional do Petróleo, afirmou que esta quantia pode chegar a 75 %. O modelo de concessão criado no Governo FHC permitia que empresas estrangeiras explorassem o petróleo brasileiro e ficassem com a maior parte dos lucros dessa exploração.
Cervinsk destaca a importância dessa lei para a educação. Essa nova lei prevê que grande parte do dinheiro arrecadado com a exploração do Pré-Sal vá para um fundo soberano que será investido diretamente em educação para o povo brasileiro, conclui.
Este fundo seria constituído por uma parte do dinheiro, resultante do trabalho que será realizado para a retirada e venda do pré-sal. O dinheiro, que pode ultrapassar R$ 1 trilhão, será depositado em uma conta e aplicado para render juros ou o lucro da sua aplicação. A quantia então retornará para ser aplicada numa série de itens já previstos, como educação e saúde.
Pela enorme quantidade de petróleo que existe no pré-sal, este fundo tende a ser muito grande. Vários países e do mundo que também tem o modelo de aplicação, como Noruega, Rússia e Arábia Saudita, que empregam os recursos em melhorias na vida do seu povo.
* Com informações de Cida de Oliveira, da RBA