USP recebe primeira exposição de arpilleras
Amanhã, dia 26 de março, a USP estará mais colorida e popular. A partir das 19 horas, o pátio da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo recebe a […]
Publicado 25/03/2015
Amanhã, dia 26 de março, a USP estará mais colorida e popular. A partir das 19 horas, o pátio da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo recebe a exposição Arpilleras: A denúncia bordada em agulhas, linhas e cores.
Essa é a primeira exposição de arpilleras tecidas coletivamente pelas mulheres atingidas por barragens do Vale do Ribeira (SP). A arpillera é uma técnica de bordado originária de Isla Negra, no Chile, e transformada em uma das principais ferramentas de denúncia da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1989).
A exposição faz parte do projeto realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) desde o início de 2013 com mulheres atingidas. Através de diversas oficinas, mais de 800 mulheres utilizaram o bordado para denunciar todas as violações de direitos humanos sofridas na construção de barragens no Brasil.
São diversas violações sofridas pelas mulheres em toda a sociedade, no caso das atingidas por barragens elas apenas se agravam. Já está mais do que provado o aumento significativo de assédio sexual, tráfico de pessoas e prostituição nas cidades próximas aos canteiros de obras das hidrelétricas. Apesar disso, estamos provando que é possível construir a auto-organização como enfrentamento dessas injustiças, afirmou a coordenadora estadual do MAB, Louise Lobler.
Durante a exposição, também será lançado o Dossiê, elaborado pelo SAJU (Serviço de Assessoria Jurídica Universitária) Tuíra, sobre a Violação de Direitos Humanos nas Comunidades Atingidas do Vale do Ribeira. O documento é resultado de uma parceria entre o MAB e o SAJU Tuíra, formado por estudantes de direito da universidade, que acompanharam por cerca de um ano as comunidades atingidas do Vale do Ribeira.
Arpilleras: bordando a resistência
O evento também marca o lançamento do projeto de documentário Arpilleras: bordando a resistência. O média-metragem retratará a história de cinco mulheres atingidas de diferentes regiões do país. Cada uma, a partir de sua realidade, vai contar sua própria história e do seu lugar de origem, dentro da perspectiva de expor o impacto social e as violações de direitos humanos causada pela construção das barragens em suas comunidades, que afetam especialmente as mulheres.
A costura do documentário, além do fio condutor construído a partir do olhar feminino sobre as realidades de violações e também sobre a participação nas lutas, será a produção de uma arpillera. Cada uma das cinco mulheres fará uma parte da arpillera, contando para as outras a sua história dentro da técnica criada pelas mulheres chilenas.
A partir da próxima semana (1º de abril), o projeto estará disponível no Catarse para financiamento coletivo. A equipe pretende arrecadar recursos para dar início às gravações.