E por que não dizer: 08 de Março, dia internacional de LUTA das MULHERES?
Estamos em pleno século XXI, com um desenvolvimento tecnológico desenfreado e com alguns avanços sociais em destaque. Na luta das mulheres no Brasil temos dado alguns passos importantes. Elegemos, pela […]
Publicado 09/03/2015
Estamos em pleno século XXI, com um desenvolvimento tecnológico desenfreado e com alguns avanços sociais em destaque. Na luta das mulheres no Brasil temos dado alguns passos importantes.
Elegemos, pela primeira vez, em 2010, uma mulher ao cargo de Presidenta do país. A aprovação constitucional de leis, como: a lei Maria da Penha, criada em 2006, com o objetivo de reduzir a violência doméstica contra a mulher, e a classificação do feminicídio como um crime hediondo, aprovado há exatos 5 dias, são comprovações de que a sociedade já não é mais a mesma, para nós mulheres. A discussão em torno da legalização do aborto coloca em cheque a necessidade de refletirmos sobre a participação da mulher na sociedade, levando em conta, o seu papel e os direitos que devem ser garantidos por lei.
Podemos citar também, de forma complementar, algumas políticas de inclusão social adotadas pelo governo, que contribuem merecidamente para o empoderamento da mulher brasileira. São elas: programa bolsa família, política de planejamento familiar, aumento da licença-maternidade para as mães com vínculo empregatício, criação da licença-paternidade para os pais, construção de creches, entre outros.
Não quero entrar no mérito da discussão sobre o bolsa família como medida paliativa ou não. Quero aqui destacar os avanços obtidos no país por meio da inclusão, cada vez maior, das classes menos favorecidas. A partir da ampliação da renda e do acesso ao programa bolsa família, cerca de 22 milhões de brasileiros (as) saíram da extrema pobreza. Sem contar que, os dados comprovam que, 93% dos titulares do bolsa família são mulheres, desse total 68% são negras. (fonte: Ascom/MDS). Ou seja, a grande maioria dos beneficiários do programa são mulheres; mães solteiras ou não, aquelas que não trabalham fora de casa passam a não depender só da renda do seu esposo para manter o lar, aquelas que trabalham fora e são mães solteiras com muitos filhos passam a adquirir mais autonomia, pois conseguem autossustentar-se, etc. A verdade é que, o bolsa família têm sido um aliado no processo de empoderamento da mulher brasileira, pobre e negra do nosso país.
Tal empoderamento, que tanto já foi citado aqui, chama a mulher à luta, mostra-nos que já não é mais possível que se admita tanta contradição em torno da relação homem-mulher.
Faz 83 anos que, nós brasileiras, conquistamos o direito ao voto, no entanto, fazem só 5 anos que a primeira mulher chegou à presidência da república. E você, leitor, me pergunta o porquê disso? Será que tal fato se explica, assim como se explicava nos tempos antigos, em que a anulação do direito à escola para as mulheres era justificada pela academia (por sinal, composta só de homens) ao dizer que havia diferenças inatas na estrutura cerebral de ambos e que, por isso, as mulheres não podiam acessar as escolas e universidades?! Não! A razão nunca esteve aí.
Durante muito tempo nos foi negado o direito à participação social e/ou política, voto, estudo, etc. Tanto que, até os dias de hoje, somos afetadas por isso. Apesar das conquistas, a nossa atual representatividade política no congresso é de apenas 10%, entre todos os parlamentares, e representa um dos piores índices do mundo, no que se refere à participação feminina.
Vivemos durante séculos, em um mundo dominado pelo patriarcado. Nascemos e logo somos instruídas com base numa educação classista, patriarcal e mercantil. Nos ensinam a ser como eles querem que sejamos. Nos ensinam a obedecer. A educação para nós mulheres sempre se baseou no culto ao silêncio, a resignação e a obediência diante da figura masculina (seja ele o pai, irmão ou esposo). Hoje, gritamos NÃO com fervor e lutamos para que essa realidade mude. Dizemos não a esse modo injusto de ser e viver em sociedade, onde os nossos direitos não são respeitados e a nossa voz é anulada.
A você que me pergunta o porquê de tanta injustiça cometida, nós respondemos em único tom: a resposta está no machismo, a resposta está no capitalismo!!
Venha somar-se, e vamos transformar o 08 de março em um verdadeiro dia das mulheres: dia de luta das mulheres!!
Sem feminismo não há socialismo!!!
Dalila Calisto, pedagoga e militante do MAB (Movimento dos atingidos por barragens)