Contraponto

Por Antônio Claret Fernandes, militante do MAB e missionário

A luz da sala fica acesa a noite inteira, a geladeira tá ligada o tempo todo, aparelhos conectados à tomada, desperdício é viver vida acuada enquanto o sol brilha pleno de energia.

 A água é abundante no chuveiro, na descarga ela desce com pressão, a torneira é aberta até o canto, a banheira do bebê está cheia até a borda, sobra água pra limpeza da calçada, a criançada se banha à vontade, o rio escorre livre na cachoeira, dá gosto nadar no Tietê, poluição é coisa atrasada, a água tem um quê de infinito.

Ninguém apanha por deixar resto no prato, todo orgânico multiplica o alimento, o lanche da reunião é muito além dos convidados, nesse tempo totalmente novo todas as mesas são fartas.

O amor não tem mais tempo marcado, romper a cerca é a terra prometida, vencer a guerra é conquistar a paz em vida, a saudade é só de tudo que virá: socializar os meios de produção, cessar pra sempre qualquer exploração, dar adeus a toda acumulação.

Economia não faz parte do cardápio, escassez é criação do capital.