CEMIG pede aumento de 30% nas contas de Luz em MG
por Gilberto Cervinski Nesta sexta (28), a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) solicitou à ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica) um aumento de 29,74% no valor cobrado nas contas […]
Publicado 03/04/2014
por Gilberto Cervinski
Nesta sexta (28), a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) solicitou à ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica) um aumento de 29,74% no valor cobrado nas contas de luz da população de Minas Gerais.
A data do reajuste tarifário anual será dia 8 de abril e o percentual de reajuste depende da decisão da ANEEL.
Em 2013, o grupo CEMIG teve um lucro total de R$ 3,1 bilhões, sendo que remeteu 103% deste lucro aos acionistas (R$ 3,2 bi), e conseqüentemente foi parar nas mãos de grupos privados que controlam a estatal (78%). A maior parte do lucro é referente à especulação que a empresa vem fazendo na venda de energia elétrica de suas usinas. No ano passado a empresa faturou R$ 1,2 bi com as vendas de energia no chamado mercado de curto prazo, onde vendeu cerca de 520 MW médios através de uma tarifa média de R$ 263/MWh.
Enquanto várias hidrelétricas da Eletrobrás estão vendendo a energia de suas usinas por R$ 33,00/1.000 kWh, neste ano, as usinas da CEMIG estão cobrando um valor 25 vezes maior, cerca de R$ 822,83/MW, através da energia comercializada no chamado Mercado de Curto Prazo. A CEMIG tem cerca de 20 barragens que poderiam estar vendendo energia barata, no entanto a maior parte delas está especulando e cobrando um preço alto.
São estas usinas que deveriam ter aceitado a redução de tarifas proposta pela Presidente Dilma em 2012 para renovação de suas concessões por mais 30 anos. No entanto, a CEMIG, a CESP e a COPEL, três empresas administradas pelos governadores do PSDB de MG, SP e PR, respectivamente, não aceitaram reduzir as tarifas. Por isso, estas mesmas empresas estão obrigando a população a pagar 25 vezes mais caro por uma energia que poderia ser oferecida pelos preços mais baixos do país.
A CEMIG geradora produziu cerca de 4.400 MW médios no anos passado através de todas suas usinas, parte desta energia, cerca de 930 MW médios vindos das usinas não renovadas, que desde janeiro de 2014 estão sem contratos, estão cobrando o preço mais alto. Ou seja, proporcionando ganhos de R$ 18 milhões por dia com a especulação sobre a população brasileira.
Este alto preço cobrado por suas usinas acaba sendo repassado nas contas de luz dos 7,5 milhões de consumidores da CEMIG Distribuidora. Conforme os dados publicados pela ANEEL, somente em janeiro de 2014, foram R$ 166 milhões a mais que a Cemig gastou comprando energia a preços altíssimos, pagando cerca de R$ 380,00/MWh. Para fevereiro e março, o valor será o dobro, porque o preço médio pago pela energia está em R$ 822,83/MWh.
A CEMIG alega que o aumento é em função do custo alto com as termoelétricas, no entanto a CEMIG não conta que o aumento que ela está pedindo de 29,74% para as tarifas da CEMIG-Distribuidora é decorrente da atuação da CEMIG-Geração. Pois, ao não aceitar a antecipação da renovação das concessões de parte de suas usinas hidrelétricas em setembro 2012 as empresas distribuidoras ficaram descontratadas, obrigando-as, completar suas compras no mercado de curto prazo. Hoje vendido a R$ 822,83/MWh às empresas distribuidoras. E, entre as distribuidoras que estão comprando a R$ 822,83/MWh, está a própria CEMIG – Distribuidora. Assim, o aumento que a CEMIG-Distribuidora pede à ANEEL não vem das termoelétricas, mas sim de suas hidrelétricas da CEMIG-Geração. E as suas usinas que cobram R$ 822 são hidrelétricas, movidas a água, e não a petróleo. A causa não seria a especulação?
O MAB vem denunciando constantemente que está ocorrendo um grande golpe nas contas de luz e que a população vai pagar a conta com grandes aumentos. Nesta semana, os atingidos por barragens estiveram mobilizados, ocupando a ANEEL para pedir o fim dos aumentos nas contas de luz. Caso a agência reguladora aceite aumentar a conta de luz estará favorecendo empresas que estão surfando em altos lucros e ainda exigem mais aumentos.