O bom exemplo de São Paulo: diminuir os preços para diminuir o consumo
Por Luiz Dalla Costa* Em São Paulo, a falta de chuvas e a baixa nos reservatórios para o abastecimento de água para milhões de pessoas é um dos fatos mais […]
Publicado 27/03/2014
Por Luiz Dalla Costa*
Em São Paulo, a falta de chuvas e a baixa nos reservatórios para o abastecimento de água para milhões de pessoas é um dos fatos mais comentados no último período e motivo de preocupação para os agentes responsáveis pelo suprimento da água.
Na lógica da atual relação social existente, no momento de escassez de um determinado produto, o mercado emitiria sinais de preço, que aumentados, são percebidos pelos consumidores, que então passam a tomar medidas de economia para poderem, com uma mesma quantidade de dinheiro, comprar uma menor quantidade do produto escasso.
Esta famosa lei de mercado defendida como sendo a reguladora do mercado seria logicamente a forma a ser adotada por agentes de Estado que ideologicamente defendem estas ideias. Falamos aqui do governo do estado de São Paulo, que se reivindica defensor das ideias e ideais da liberdade de mercado.
Ironicamente, [e ao contrário do que defende] não foi isso que ocorreu em São Paulo, senão uma situação contraria e ou distinta do comum. O governo do estado de São Paulo, através da SABESP, tem incentivado a diminuição do consumo de água, mas não pelo aumento nos preços, e sim por um incentivo a sua diminuição. Quem consumir menos pagará menos. Quem gastar mais pagará mais.
Assim, através da política governamental, ou seja, através do Estado, incentiva-se a diminuição do consumo de água com a diminuição do seu preço. E o resultado real é que os consumidores estão atendendo este sinal. Melhor dizendo: esta decisão política está reduzindo o consumo de água e, consequentemente, baixando o preço.
Esta política de incentivo à redução do consumo com a diminuição dos preços adotada pelo governo de São Paulo, que contraria seus princípios ideológicos – o mercado como regulador da economia e do consumo -, mostra-nos que, na prática, não foram as leis de mercado que produziram a redução do consumo, mas sim a intervenção do Estado, que tem um interesse politico com esta proposta. Não são os aumentos, mas sim a diminuição dos preços que levaram a população de São Paulo a economizar água.
Sem dúvida, esse exemplo deve servir para que se adote políticas de economia de água , de energia, diminuindo os preços e mantendo o controle Estatal. Vamos esperar para ver se essa política realmente vai ser manter em São Paulo!
*da coordenação nacional do MAB.