Mulheres do MAB realizam Encontro Estadual em Fortaleza

Na jornada de lutas do 14 de Março, atingidas buscam fortalecer sua participação no movimento Durante esta semana, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reúne 80 mulheres atingidas por barragens, […]

Na jornada de lutas do 14 de Março, atingidas buscam fortalecer sua participação no movimento

Durante esta semana, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reúne 80 mulheres atingidas por barragens, de diversas regiões do Ceará, na cidade de Fortaleza, como mais uma das ações do 14 de março, Dia Internacional de Luta contra as Barragens, pelos Rios, pela Água e pela Vida.

O objetivo principal é fortalecer a participação das mulheres no movimento. Serão dois dias de luta e debates sobre o modelo energético e a violação dos direitos das mulheres atingidas por barragens no Brasil.

           

O encontro conta com a participação de mulheres do Levante Popular da Juventude (LPJ), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Consulta Popular (CP), além de atingidas, que fazem parte da coordenação dos Grupos de Base e contribuem na organização interna dos reassentamentos.

“Somos as mais afetadas com a violação dos direitos humanos causados pela construção das barragens. Sofremos múltiplas opressões porque historicamente somos exploradas e submetidas a uma lógica patriarcal de dominação, onde o homem detém o poder e o controle das nossas vidas. Com as barragens, esse processo de dominação se intensifica”, aponta a militante do MAB, Marina Calisto.

A militante ainda ressalta que são recorrentes os casos de violência contra as mulheres nas áreas atingidas por barragens. “Nós, mulheres do MAB, dizemos não a esse modelo opressor e defendemos a vida, lutando pela soberania popular e a justiça social”, afirma.  

Para a atingida pela barragem Castanhão, Gilêda Campos, este é um encontro fundamental para a organização das atingidas. “A partir desse encontro podemos debater sobre nossos direitos. Socializar nossas experiências culturais, produtivas e vivências. Também é um importante passo para começarmos a atuar como protagonistas na luta por nossos direitos”, observou.

As mulheres atingidas se somam à luta internacional das mulheres, por entenderem que vivem num modelo de sociedade capitalista, imperialista e patriarcal, onde as empresas transnacionais controlam a economia, apropriando-se da natureza, das tecnologias, da força de trabalho e dos territórios, com o único objetivo de acumular riquezas à custa da exploração dos trabalhadores, em especial das mulheres.

As atingidas se mobilizam amanhã (14) nas ruas da capital cearense para denunciar todas as formas de violação sofrida a partir da construção de barragens. A principal reivindicação é a institucionalização de uma Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB) pelo governo federal.

Além disso, exigem o acesso à água para consumo e produção de alimentos, um programa especial para mulheres na área de formação, capacitação técnica e política, projetos de hortas e artesanatos, além de terras para o reassentamento das famílias atingidas por barragens. 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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