Terra para produzir alimento

No terceiro dia do Seminário “Alimentos, água e energia não são mercadorias”, os participantes discutiram a questão da produção de alimentos e o problema da terra desde a perspectiva europeia […]

No terceiro dia do Seminário “Alimentos, água e energia não são mercadorias”, os participantes discutiram a questão da produção de alimentos e o problema da terra desde a perspectiva europeia e também latinoamericana. Como afirmou Unai Aranguren, da Via Campesina Europa, “achava que o sul e o norte eram diferentes, mas percebi que enfrentamos os mesmos problemas”. Esses problemas incluem a apropriação de terras pelas grandes empresas e a expulsão dos pequenos agricultores.

Unai trouxe um relato da realidade do País Basco, em que principalmente os jovens encontram dificuldade para acessar a terra. “A terra está muito repartida, há muita especulação. Os jovens estão comprando terrenos nas montanhas, onde é muito difícil a produção agroecológica.” Ele apontou a organização como saída para resolver esses problemas e afirmou que a terra deve ter um caráter público e ser para quem trabalha.

Já Mari Carmen, do Sindicato dos Trabalhadores do Campo de Andaluzia, falou da realidade da luta pela terra no sul da Espanha. “Terra não pode servir para enriquecer aqueles que já enriqueceram ao longo do tempo em nossa Andaluzia. Nossas lutas, mesmo que ilegais, são justas e legitimas, porque se não lutamos não temos futuro”. Segundo Mari, há muita repressão contra os movimentos sociais, com muitos companheiros ameaçados de prisão e multas à organização.

Concha Salguero, da Fundação Nova Cultura da Água, falou sobre o histórico do modelo agrário europeu e apontou problemas na atual política agrária adotada na União Europeia. “A estratégia atual é crescimento, o que é diferente de desenvolvimento”, criticou.

Erivan dos Santos, do MST do Brasil, traçou um panorama da entrada do capital financeiro e das transnacionais no campo brasileiro, na lógica do agronegócio. Apesar da agricultura familiar ser responsável por 70% da produção de alimentos, quem recebe incentivos para produção são as grandes propriedades do agronegócio, voltadas para a exportação de commodities. “As transnacionais no Brasil só funcionam porque também há investimento do Estado nessas empresas. O governo fez uma opção pelo agronegócio”, afirmou.

O seminário é organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) do Brasil e pela Mundubat, do País Vasco, e encerrou nessa quinta-feira (31).

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