No Piauí, atingidos debatem projetos de barragens na região
Nesta quinta-feira (24), cerca de 300 famílias organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizaram uma reunião no município de Amarante, no Piauí, para debater questões relacionadas à construção […]
Publicado 25/10/2013
Nesta quinta-feira (24), cerca de 300 famílias organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizaram uma reunião no município de Amarante, no Piauí, para debater questões relacionadas à construção de uma série de barragens para geração de energia elétrica ao longo do rio Parnaíba.
O ponto mais destacado pelos atingidos, que se deslocaram dos estados do Maranhão e Piauí, foi o interesse econômico envolvido no projeto. Para o integrante da coordenação nacional do MAB, José Josivaldo, as empresas privadas são as únicas beneficiadas pelas barragens. Não só aqui, como em todo o Brasil, as empresas, geralmente multinacionais, são as grandes beneficiadas na construção de barragens, lucrando desde a construção até a venda da energia por mais de 30 anos, afirmou.
As famílias demonstraram total desconhecimento sobre as barragens e sobre os verdadeiros problemas que surgem em decorrência da construção das usinas hidrelétricas. O líder histórico de Amarante, Raimundo da Costa Lima, disse que se sente traído. Fomos enganados, traídos pelo governo, pelas empresas e também pelas autoridades locais que ficam dizendo que se não tiver as barragens aqui não vai ter desenvolvimento, mas hoje a gente vê que não é assim, apontou.
A assembleia contou com a participação de várias organizações, como a Central Única dos Trabalhadores do Piauí (CUT-PI), Urbanitários, Sepisa, Sindicato dos Servidores, Sindicatos rurais, Sindicato dos Pescadores, além de políticos da região. Na visão da CUT, o desenvolvimento é necessário, porém a vida das pessoas é mais importante e o MAB deve ser reconhecido como o interlocutor dos atingidos nesse processo.
Para o militante do MAB, Evanilson Maia, o resultado da reunião foi o compromisso assumido pelas lideranças. Todos se comprometeram a continuar no trabalho de base, que já estava sendo feito, prova disso é a presença de estudantes de várias escolas do município de Amarante. Por outro lado, saímos com o compromisso de realizar uma reunião por município, por comunidade, para preparar as famílias pra lutar por direitos justos, inclusive o direito de dizer não às barragens, explicou.