MAB presta solidariedade ao povo terena no Mato Grosso do Sul

Foram três dias de caminhada e 60 quilômetros percorridos pela BR 163, rodovia que liga a cidade de Anhaduí à capital sul matogrossense.  A Marcha dos Povos da Terra chegou ao final com ato realizado nesta sexta-feira (07) no centro de Campo Grande.

A mobilização contou com a presença de aproximadamente 800 pessoas, composta por indígenas da etnia terena e guarani-kaiowá, quilombolas, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), trabalhadores da construção civil filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Para a coordenadora nacional do MAB, Soniamara Maranho, o que está ocorrendo na região é inadmissível. “Não podemos mais aceitar o que está ocorrendo com os índios aqui na região como em todo o Brasil, o que estamos presenciando é uma continuidade do extermínio que se iniciou há 500 anos”, apontou.

No final da cerimônia, Soniamara entregou uma bandeira do MAB às lideranças indígenas terenas. “Queremos com esse gesto simbólico demonstrar nossa solidariedade aos povos indígenas e principalmente ao Oziel. Os problemas que estão ocorrendo com vocês são bastante parecidos com os nossos, atingidos por barragens, que também perdemos nossas terras e até hoje não contamos com nenhuma lei ou órgão que trate dos nossos direitos”, comparou.

Por isso, nos dias 9 e 10 de julho, o MAB estará realizando mobilizações em todo o país para que seja agilizada a criação da Politica Nacional de Direitos dos Atingidos, na qual constem os direitos das populações atingidas por barragens, como também em memória e apoio a todos os lutadores da terra.

O encontro reafirmou a urgência de encaminhar a pauta da reforma agrária e da demarcação das terras indígenas e quilombolas no país. Além disso, houve diversas demonstrações de solidariedade ao povo terena, que sofre com a demarcação de terras na região.

“Acreditamos que a solidariedade tem que começar entre os povos da terra, que são os maiores afetados pelas ofensivas das barragens e agronegócio”, afirmou Soniamara.

Fazenda Buriti

No dia 30 de maio ocorreu a morte do índio Oziel Gabriel, de 35 anos, em uma ação de reintegração de posse da Fazenda Buriti, ocupada por índios terena. A propriedade é do ex-deputado federal pelo PSDB, Ricardo Bacha, localizada na cidade de Sidrolândia, a 60 quilômetros da capital.

A fazenda faz parte da área que havia sido declarada em 2010 como território tradicional do Povo Terena pelo Ministério da Justiça, mas que passou novamente as mãos dos fazendeiros em junho do ano passado por uma medida da Justiça Federal.