MAB e Sosol realizam curso para construção de aquecedores solares

Neste sábado (4), militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e moradores do Jardim Julieta, bairro da zona norte de São Paulo, participaram de curso para construção de aquecedores […]

Neste sábado (4), militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e moradores do Jardim Julieta, bairro da zona norte de São Paulo, participaram de curso para construção de aquecedores solares. A atividade foi realizada pela Sociedade do Sol (Sosol), ONG sediada na Universidade de São Paulo (USP).

Os aquecedores solares são utilizados para esquentar a água do banho, construída com materiais de baixo custo e de fácil acesso. A instalação pode diminuir em até 40 por cento o preço da conta residencial de energia elétrica. Para Gabriel Sollero, coordenador de projetos do MAB, o processo vai além da economia de energia. “Queremos além de trazer economia para as famílias, trazer uma reflexão sobre o atual modelo energético, baseado em lucros extraordinários por poucas empresas que controlam o setor”, apontou Gabriel.

O curso teve o objetivo de retomar a formação de militantes para iniciar um novo processo de implantação de aquecedores solares. Desde 2011, o MAB já construiu 87 aquecedores entre os três estados do sul, São Paulo e Minas Gerais. A proposta é instalar mais 250 até o final do ano, entre São Paulo e Minas Gerais, através de uma parceria com a Christian Aid e Fundação Banco do Brasil.

 

Energia do Sol, Tecnologia do Povo

Apesar de todos os preconceitos trazidos do olhar colonizador, Pero Vaz de Caminha não pôde ignorar o fato dos índios brasileiros manterem um cuidado especial com a higiene, chegando a exaltá-los por serem “tão limpos, tão gordos e tão formosos”. O hábito de se banhar influenciou os europeus e ganhou diversas inovações no decorrer dos séculos.

Hoje, no Brasil, cerca de 40 milhões de famílias usam o chuveiro elétrico, que é responsável por até 40 por cento da conta de energia elétrica. Essa tecnologia representa aproximadamente 10 por cento do consumo total de eletricidade no país, que tem as hidrelétricas como principal fonte geradora.

Na tentativa de possibilitar uma alternativa mais sustentável, econômica e ambientalmente, foi criado o projeto de Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC). O mentor da idéia, Augustin T. Woelz, apresentou um protótipo já em 1992, em evento na ECO 92. Mas foi apenas em 1999, com a entrada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (CIETEC), do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) da Universidade de São Paulo (USP), que o ASBC começou a se materializar.

Em 2001, a equipe fundou a ONG Sociedade do Sol (Sosol) para cuidar desse e de outros projetos. Para Gustavo Cherubine, um dos fundadores da entidade, o objetivo da Sosol é passar o conhecimento para o maior número possível de pessoas. “Nós trabalhamos com a tecnologia social, que é uma tecnologia do conhecimento de quem a utiliza, uma tecnologia construída e certificada pelo próprio usuário”, explicou Gustavo.

O ASBC custa de cinco a dez vezes menos que o aquecedor tradicional. Diferentemente da placa solar tradicional, o ASBC é feito com forro de PVC, material muito mais barato. “Os países europeus, criaram o aquecedor solar de metal, pela necessidade de um material que retém bastante calor, diferentemente do Brasil, onde há uma incidência solar muito grande”, esclareceu Gustavo.

Uma unidade do ASBC para abastecer uma família custa de 400 à 600 reais, valor dez vezes mais barato que um aquecedor solar tradicional, que é compensado em aproximadamente sete meses de utilização, com a economia na conta de energia elétrica. 

 

Assista ao documentário, curta-metragem, produzido pelo Coletivo de Comunicação do MAB sobre a construção dos Aquecedores Solares de Baixo Custo:

 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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