Ainda é tempo

Se a senhora morre ali na esquina da vida onde a classe oprimida esbarra no opressor? Se as ‘escravas do sexo’ padecem na Belo Monte e o operário da obra […]

Se a senhora morre ali na esquina da vida onde a classe oprimida esbarra no opressor?

Se as ‘escravas do sexo’ padecem na Belo Monte e o operário da obra fica acidentado em casa sem assistência alguma?

Se a criança faminta chora na palafita molhada da chuva, da enchente e do soluço da própria mãe?

Se o doente acamado não tem a locomoção que o leve de casa ao hospital?

Se quando a cabeça dói e o corpo fica bambo ainda lhe dão mais anestésico para esconder a causa da dor?

Se o posto de saúde anda todo abandonado e o lixo acumulado sobre as águas da baixada toma o assoalho das casas?

Se o lago da barragem já tem data marcada para cobrir toda a área num pesadelo terrível para quem não tem para onde ir?

Se os quinhentos milhões do tal Comitê Gestor  para os municípios prejudicados por Belo Monte saem do bolso dos brasileiros através da conta de luz?

Se os políticos e a Norte Energia botam placas e fazem a farra com o chapéu dos outros, ou melhor, com o nosso chapéu, dando ao capitalismo um tom de filantropia?

Se o dia a dia do empobrecido é um flagelo sem fim como se fora uma sina escrita nalgum livro da morte?

Se estado de emergência é só pra fazer compra sem qualquer licitação?

Se quando é calamidade pública vem uma cesta básica como um farelo de pão?

Se a promessa do inferno já não mete nenhum medo nos que oprimem o povo?

Se os tambores de Zumbi já tocam fora de hora, e a qualquer hora, anunciando o dia?

Se a obediência à causa da liberdade é mais forte que o medo?

Se as balas de açúcar já não adoçam a vida, que se tornara amarga demais?

Se o chão não suporta e a botina não mais controla?

Se as palavras já nem acham tempo para rimar?

Então ainda é hora de organizar o povo, pois o novo vai nascer!

 

O novo pode nascer.

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